sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Os 144.000 de Apocalipse 14.

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.

O primeiro dos parágrafos mostra-nos o Cordeiro postado sobre o monte Sião. Este é o Sião “que não se abala, firme para sempre” (Sl 125:1). É o céu (Hb 12:22), pois lemos: “Ouvi uma voz do céu”. Junto com o Cordeiro, o apóstolo vê 144.000 com o seu nome e o nome do seu Pai escritos em sua fronte. Essa é a multidão selada, mencionada no capítulo 7. Ali, esses santos ainda vivem na terra cercados por inimigos. Aqui eles gozam da bênção do céu depois do julgamento final. Embora o dragão tenha tentado ao máximo torná-los infiéis ao seu Senhor, e mesmo que ele tenha empregado duas bestas para assisti-lo, não faltará nenhum desses 144.000 “quando se fizer chamada”.
O apóstolo ouve um som vindo do céu: os 144.000 cantam o novo cântico. É como o som de muitas águas e como a voz de grande trovão, constante, majestoso, sublime. Imagine a poderosa catarata do Niágara, com seu incessante som em
crescendo, alcançando um tonitruante estrondo quando as águas atingem as profundezas. Tal será o soar do novo cântico! O que quer que seja insignificante e mesquinho ficará fora dele. Mesmo que tenha de ser majestoso, sublime, constante, será, ao mesmo tempo, o cântico mais terno, doce e suave jamais ouvido, como o som de “harpistas quando tangem suas harpas”. O majestoso e o sensível, o sublime e o terno serão belissimamente combinados nesse novo cântico. Será um novo cântico, pois grava uma nova experiência: os 144.000 foram comprados da terra. Cada um dos remidos canta esse cântico diante do trono – sobre o qual se assentam Deus e o Cordeiro – e diante dos querubins, e diante de toda Igreja em glória. Como esse cântico grava a experiência de ter sido comprado da terra pelo precioso sangue do Cordeiro, segue-se que somente aqueles que têm essa experiência podem aprender a cantá-lo. Esses 144.000 são castos, isto é, não se macularam. Não se tornaram infiéis a Cristo. Eles o seguem por onde quer que vá (cf. 2ªCo 11:2).
“São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro”.
Cristo morreu por eles. Um dos resultados de sua morte foi a obra purificadora do Espírito Santo em seu coração por meio da qual foram separados de uma vida de pecado e de mentiras (cf. 1ªCo 6:20).
Observe, especialmente, que esses 144.000 são primícias para Deus e para o Cordeiro no sentido de que foram comprados dentre os homens. Noutras palavras, houve uma separação; as primícias eram dedicadas ao Senhor. Da mesma forma eles foram colocados à parte dos homens em geral (
cf. Tg 1:18). O mundo da humanidade, que está caminhando para o juízo final, é frequentemente comparado ao fruto que está amadurecendo para a colheita (Mt 9:37; 13:30; Lc 10:2; Jo 4:25). Encontramos esse símbolo no capítulo em questão (Ap 14:14ss.). Aqui, também, as primícias são para o Senhor (versos 14-16); o resto é para Satanás (versos 17-20). O símbolo se baseia na lei do Antigo Testamento com respeito às primícias. Todas as primícias eram oferecidas ao Senhor, após o que os israelitas tinham a liberdade de dispor do resto (Êx 23:19; Nm 18:12). Da mesma maneira, temos aqui um contraste entre as primícias e os homens em geral. Todos os redimidos, o número completo dos eleitos, estão incluídos nas primícias. Qualquer que não pertença às primícias não é do Senhor, não é um eleito. Esses 144.000 não são primícias versus outros crentes. Não constituem um grupo especial no céu, um grupo de supersantos. São as primícias “compradas dentre os homens”. Isso fica evidente, também, pelo fato de que esses 144.000 têm em sua fronte escrito o nome do Cordeiro e o nome do seu Pai. Assim, eles são o aposto de “os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos” que recebem a marca da besta em sua fronte ou sobre a mão direita (13-16). Todos os crentes, sem exceção, são selados com os nomes de Deis e do Cordeiro. Semelhantemente, todos os réprobos, aqueles que se endureceram em seu pecado e em sua descrença, são marcados ou registrados. Então, de novo, os redimidos – não apenas um número seleto de supersantos – cantam um novo cântico em glória. Nenhum dos demais pode aprender a cantá-lo. O capítulo 7:1-8 descreve a Igreja militante aqui na terra. O capítulo 7:9-17 retrata a Igreja triunfante no céu. Aqui, no capítulo 14, a mesma Igreja triunfante é descrita da perspectiva de sua bem-aventurança e santidade celestes. [25] Esses 144.000 não aceitam a mentira de Satanás. Conseqüentemente, em Cristo, eles são imaculados (cf. Êx 12:5; Lv 1:3; 9:2; Mt 5:48).

[25]
Ver R. C. H. Lensk, op. cit., p. 425.

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