sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Os 144.000 de Apocalipse 7.

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.

Então, subitamente, dramaticamente, João vê o outro anjo subindo do lado oeste. Ele tem o selo do Deus vivo. Grita aos quatro anjos que estão no controle ou retendo os quatro ventos de juízo. Em alta voz lhes diz:
“Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos em suas frontes os servos do nosso Deus”.
Essas aflições são punições para o mundo iníquo e perseguidor. Elas não o atingirão, se o selo de Deus está em sua fronte. O Senhor lançou sobre Cristo a iniqüidade de todos os crentes (Is 53:6). Esteja certo de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28).
Esse selo é a coisa mais preciosa sob o céu. A Escritura fala do selo num sentido tríplice. Primeiro, um selo protege contra adulteração. Dessa forma, o túmulo de Jesus foi selado com uma guarda (Mt 27:66; cf. Ap 5:1). Segundo, um selo marca propriedade. Assim, lemos nos Cânticos de Salomão 8:6:
“Põe-me como selo sobre o teu coração”.
Terceiro, um selo certifica caráter genuíno. O decreto de que todos os judeus deveriam ser eliminados foi selado com o sinete do rei Xerxes (Et 3:12).
O cristão é selado nesse tríplice sentido. O Pai o selou, pois ele goza de sua proteção ao longo da vida. O Filho o selou, pois o comprou e redimiu com seu sangue precioso. Agora, ele o possui. O Espírito o selou (Ef 1:13), pois ele certifica que somos filhos de Deus (Rm 8:15).

Na passagem que estamos discutindo a ênfase cai sobre a propriedade e conseqüente proteção. Observe que os filhos de Deus são selados em “suas frontes”. No capítulo 14 encontramos outra vez essa mesma multidão selada em suas frontes, os 144.000. Ali lemos que eles têm em suas frontes o nome do Cordeiro e o nome do Pai. Esse nome, com toda probabilidade é o selo
[53] (cf. Também Ap 22:4).
João ouve o número dos selados. Ele não vê seu número exato, pois esses selados estão ainda na terra. Só Deus sabe quantas pessoas realmente seladas há sobre a terra. O número é 144.000. Esse, é claro, é um número simbólico. Primeiro o número três, indicando a Trindade, é multiplicado por quatro, indicando o número de toda a criação, pois os selados vem do leste, do oeste, do norte e do sul. Três vezes quatro resulta em doze. Esse número indica: a Trindade (3) operando no universo (4).
[54] Quando o Pai pelo Filho no Espírito executa sua obra salvadora na terra – o divino (3) operando no universo (4) – vemos na antiga dispensação os doze (3 x 4) patriarcas e, na nova, os doze apóstolos. Para chegar à compreensão da Igreja da antiga e da nova dispensações temos de multiplicar doze por doze. Isso nos dá 144.
Em completa harmonia com essa representação, lemos em Apocalipse 21 que a cidade santa de Jerusalém tem doze portões e doze fundamentos. Sobre os doze portais estão escritos os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Nas doze fundações estão escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (21:9-14). Lemos, também, que o número é de 144 cúbitos de altura (21:17).

É bem claro, portanto, que a multidão dos selados de Apocalipse 7 simboliza a totalidade da Igreja da antiga e da nova dispensações. A fim de enfatizar o fato de que não é pequena a referida porção da Igreja, mas toda a Igreja militante, esse número 144 é multiplicado por mil. Um mil é 10x10x10, que indica um cubo perfeito, isto é, uma completa reduplicação.
[55] (Ver Apocalipse 21:16) Os 144.000 indivíduos selados das doze tribos de Israel literal simbolizam o Israel espiritual, a Igreja de Deus na terra.
É errado dizer que o símbolo significa, em última instância, Israel segundo a carne. O apóstolo, certamente, sabia que dez das doze tribos haviam desaparecido na Assíria, ao menos em grande parte, enquanto que Judá e Benjamim haviam perdido sua existência nacional quando da queda de Jerusalém, em 70 A.D. Além disso, se o texto dizia respeito a Israel segundo a carne, por que Efraim e Dã seriam omitidos? Certamente, nem todos os da tribo de Dã estariam perdidos. Novamente, observe a ordem na qual as tribos estão organizadas. Não a tribo de Rubem, mas Judá é mencionada primeiro. Lembre-se de que nosso Senhor Jesus Cristo era da tribo de Judá (Gn 49:10). Mesmo o fato de esse número exato, doze mil, ser selado de cada tribo – harmonia em meio à variedade – deveria se suficiente para indicar que estamos lidando com um símbolo, como já indicado. Quanto ao significado desse símbolo, também não somos deixados no escuro. Em primeiro lugar, o próprio número, sendo o produto de 144 vezes um mil, é plenamente explicado em Apocalipse 21, conforme já demonstramos. Segundo, esse capítulo ele deve indicar a Igreja da antiga e da nova dispensações. Além disso, no capítulo 14 vemos, novamente, essa mesma multidão, os 144.000. Aí nos é dito explicitamente que esses são os que foram comprados da terra. Representam aqueles que seguem o Cordeiro por onde quer que vá, e a totalidade da Igreja militante, portanto, tal como também é claramente ensinado em Apocalipse 22:4.
[56] Cristo, havendo-os comprado com seu precioso sangue, possui-os, e o Pai (por Cristo, no Espírito) protege-os. Deixe que os ventos soprem; eles não causarão dano ao povo de Deus. Deixe que venham os juízos; eles não causarão mal aos seus eleitos!

[53]
Cf. nossa explicação de Apocalipse 2:17.

[54]
Cf. C. F. Wishart, op. cit., pp. 22ss.

[55]
Ibid., p. 23.

[56]
É também a visão de W. Milligan, que isso se refere à totalidade da Igreja (não somente aos judeus) op. cit., pp. 861: uma série de bem convincentes argumentos.

Um comentário:

  1. Com respeito as coisas futuras todo cuidado ainda é pouco, nos basta o que esta escrito.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...