quarta-feira, 25 de março de 2009

AMILENISMO: Parte 4 - DUAS PASSAGENS CONSIDERADAS DECISIVAS PELOS MILENARISTAS - Romanos 11

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.

ROMANOS 11

Os pré-milenaristas e os pós-milenaristas apelam para essa passagem como provedora de apoio significativo à sua posição. George Ladd, por um lado, insiste que “há duas passagens no NT que não podem ser evitadas”,[26] as quais apontam claramente para uma perspectiva pré-milenar; uma delas é Romanos 11:26. John Murray, por outro lado, tem sido considerado com freqüência um pós-milenarista de “um-texto”, com base em sua interpretação da frase “vida dentre os mortos” de Romanos 11:15, como uma expressão figurada que fala acerca de uma “aceleração sem precedente do mundo, na expansão e sucesso do evangelho”, resultante da “recepção de Israel novamente no favor e benção de Deus”.[27]
Contudo, deveria ser enfatizado que a conclusão de Paulo em Romanos 11, que prediz uma futura conversão em massa do Israel étnico antes do retorno de Cristo, não prova, por si só, a correção de qualquer posição milenar particular. Afinal, essa explanação não foi apresentada somente por pré-milenaristas e pós-milenaristas, mas também por alguns destacados amilenaristas. Por exemplo, Geerhardus Vos vê o apóstolo falando nesse capítulo da “recepção da maioria de descrentes judeus no favor divino”, uma conversão nacional “em grande escala em um predeterminado ponto no futuro”.[28] Mais recentemente Stanley Grenz insistiu que “o apóstolo antecipa claramente a futura conversão de Israel em grande escala, um evento que introduziria um glorioso dia para o mundo inteiro”. Grenz, porém, nota que tal esperança “não requer um reinado terrestre milenar de Cristo, pois a conversão de Israel poderia facilmente preparar tanto para a inauguração do Estado eterno, quanto para a dourada era terrena”.[29]
A alegação de Grenz de que em Romanos 11 o apóstolo prediz “claramente” uma futura conversão nacional de Israel é discutível, como veremos. Mas o que é inegavelmente claro é que em toda essa seção da epístola, na qual Paulo focaliza especialmente a questão do lugar dos judeus no plano divino de salvação (caps. 9-11), ele não diz uma palavra sobre o retorno dos judeus à Terra Prometida, ou sobre um reino milenar no qual Cristo reinará em Jerusalém; nem há ali referência clara à “era dourada” antes do retorno de Cristo, na qual este mundo será amplamente cristianizado. O amilenarista pode “relaxar” enquanto estuda essa passagem, sabendo que as posições milenares não estão em jogo.
Mas precisamos perguntar se realmente a intenção de Paulo, em Romanos 11, é predizer a conversão futura do Israel nacional. Antes de considerar essa questão, temos de nos recordar do contexto em que o argumento desse capítulo aparece.
Em Romanos 1, o apóstolo fala do evangelho como o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, “primeiro do judeu [...]” (1:16). Mas Paulo era sensível ao fato de que essa reivindicação poderia ser contestada pela grande maioria dos judeus. Ele bem sabia da objeção: “Se a vinda do Messias deveria marcar uma era de grande benção para Israel, como explicar que os judeus rejeitaram esse a quem você chama de Messias, Paulo? Os judeus não parecem ter sido abençoados por ele”. João Calvino também expressou essa contradição: “Ou [...] não há qualquer verdade na promessa divina, ou [...] Jesus, a quem Paulo pregava, não é o Cristo de Deus, que tinha sido particularmente prometido aos judeus”.[30] Esse é um “problema apologético” que Paulo enfrenta com franqueza nos capítulos 9–11.
No capítulo 9:1-5, Paulo inicia sua resposta pelo reconhecimento de que Israel ainda era realmente escolhido por Deus e assim o possuidor das mais elevadas bênçãos espirituais, e pelo reconhecimento, com grande tristeza, de que seus companheiros judeus (em sua maioria) não estavam agora usufruindo a benção da salvação em Cristo. Mas, iniciando no versículo 6, ele rejeita a implicação falsamente extraída desse fato: “Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem todos os descendentes de Israel são Israel”.
Como poderia Deus rejeitar uma nação a quem havia escolhido? A resposta de Paulo: Eleição e nacionalidade não são igualmente inclusivas. Que Israel seria abençoado, não significa necessariamente que toda a nação seria bendita. O verdadeiro Israel consiste nos filhos da promessa, a eleição da graça, e eles foram abençoados. Paulo fornece uma série de exemplos para mostrar que os meros descendentes físicos de Abraão não têm garantia a posse de bênçãos prometidas ao patriarca.
Começando no capítulo 9:30, o foco do argumento de Paulo muda da eleição da graça de Deus para a resposta de homens e mulheres – ou da fé, que olha para a justiça que Deus provê, ou da incredulidade, que busca estabelecer sua própria justiça. O judeu será recebido por Deus na mesma base que o gentio (10:11-13); o problema dos judeus não é que não tiveram o evangelho anunciado a eles; antes, eles não creram no evangelho (10:16-21).
No inicio do capítulo 11, o apóstolo repete o argumento do capítulo 9. Deus tem seu verdadeiro Israel, seus eleitos, mas essa eleição não é coextensiva a toda nação. O próprio Paulo é um exemplo de judeu eleito (11:1). Até mesmo Elias aprendeu que o remanescente eleito é contado como sete mil em seus dias, “hoje há também um remanescente escolhido pela graça” (11:5). “Que dizer então?”, Paulo conclui no versículo 7: “Israel não conseguiu aquilo que tanto buscava, mas os eleitos o obtiveram. Os demais foram endurecidos...”
Muitos comentaristas, porém – não apenas milenaristas, como pudemos notar –, vêem o argumento de Paulo tomando um novo rumo no versículo 11. Com freqüência, o capítulo 11 é esboçado deste modo: Paulo responde à questão proposta no versículo 1 (“Acaso Deus rejeitou o seu povo?”), declarando que a rejeição dos judeus não é total (v. 1-10), tampouco final (v. 11-32). Mas o fato é que Paulo consistentemente apresenta apenas uma resposta nos capítulos 9–11, a saber, que a rejeição de Israel não é total e que nem todos os de Israel são de Israel. Romanos 11 trata do lugar de Israel nos propósitos redentivos de Deus no tempo presente, e não em um tempo futuro.
Naturalmente, para estabelecer essa conclusão seria necessária uma análise cuidadosa do capítulo 11, o que não podemos fazer aqui.[31] Podem ser observados brevemente apenas dois ou três pontos cruciais.
Como já foi indicado, Paulo responde à questão proposta no versículo 1 (“Acaso Deus rejeitou o seu povo?”), não ao apontar um tempo futuro quando a graça de Deus alcançará, afinal, os judeus, mas, em vez disso, ao marcar o presente, para si mesmo, como “Prova A” da salvadora graça de Deus (v. 1), para os judeus remanescentes “no tempo presente” (v. 5), e – nos versículos seguintes ao alegado “ponto crucial” em seu argumento (v. 11) – para seu próprio ministério aos gentios, cujos efeitos despertam ciúmes nos judeus (veja especialmente os versículos 11-32, de forma que, ao longo de todo o tempo antecedente ao retorno de Cristo, as águas divinas de salvação continuamente impactam o dique dos gentios e retornam aos judeus.[32]
No início desta seção, ao dar uma resposta negativa à pergunta feita no versículo 11, Paulo anuncia o verdadeiro propósito do tropeço de Israel; e, assim fazendo, ele esboça em uma sentença o ensino do restante do capítulo: “Novamente pergunto: Acaso tropeçaram para que ficassem caídos? De maneira nenhuma! Ao contrário, por causa da transgressão deles, veio a salvação para os gentios, para provocar ciúme em Israel” (v. 11 e 12). Isso sumariza todo o argumento de Paulo nos versículos 11-32: Não tente complicá-lo!
Na conclusão culminante desta seção, quando Paulo faz um síntese de seus argumentos nos versículos 30 e 31, ele novamente recorre ao divino “movimento de onda”. Observe especialmente as três vezes que a palavra “agora” aparece nesses versículos:[33]
Assim como vocês, que antes eram desobedientes a Deus, mas agora receberam misericórdia, graças à desobediência deles, assim também agora eles se tornaram desobedientes, a fim de que também recebam agora misericórdia, graças à misericórdia de Deus para com vocês.
Essa declaração sintética torna claro que a preocupação do apóstolo no capítulo 11 não é predizer o futuro, mas explicar o motivo e o propósito de seu presente ministério.
O ministério de Paulo se constitui desse processo “movimento de onda”, ao qual Paulo alude no versículo 25.[34] Esse é o procedimento que está em foco quando Paulo escreve no versículo 26: “E assim [...]” (literalmente, “E esse é o modo [...]”). A combinação das palavras gregas que Paulo usa aqui (kai houtos) nunca é utilizada para se referir à seqüência temporal (“e então [...]”), mas sempre para fazer alusão quer ao relacionamento lógico, quer a maneira pela qual algo é feito.
A declaração de Paulo no versículo 25 de que “Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios”, é muitas vezes compreendida como ensinando que depois da plenitude dos gentios ser cumprida, o endurecimento que caiu em parte sobre a nação será suspenso, e Israel, a nação, se converterá. Mas não há nada na palavra grega “até” que indique a idéia de uma conversão nacional futura de Israel. Essa idéia teria de ser explicitamente ensinada em algum lugar no contexto, para podermos abordá-la aqui. Isso simplesmente não pode ser lido no “até que” da frase. Como matéria de fato, de acordo com seu uso comum, a preocupação do “até que” da frase não está em uma situação nova que existirá após o fim da presente era, mas na situação que ocorrerá antes do fim, e por todo o caminho até o fim do tempo presente. Como nota Joachim Jeremias: “De fato, no Novo Testamento [essa frase grega] regularmente apresenta uma referência ao alcance da meta escatológica”.
A esse respeito, veja Apocalipse 2:25,26: “Tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha. Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações” (grifo do autor; cf. também Lc 21:24; 1Co 11:26; 15:25). Como Palmer Robertson escreveu:
“Endurecimento [...] até”, é muitas vezes compreendido como assinalando o começo de um novo estado de coisas com relação a Israel. Raramente tem sido considerado que “endurecimento [...] até” deveria naturalmente ser interpretado como escatologicamente categórico em seu significado. A frase não insinua um novo começo após um término; ao invés disso, a continuação de uma circunstância prevalecente para Israel até o fim do tempo.[35]
O que o apóstolo Paulo ensina em Romanos 11:25 é que o endurecimento por parte do Israel étnico continuará até que o número completo dos gentios tenha vindo.
Enfatizamos que o tema de Paulo nesse capítulo é o processo do “movimento de onda”, pelo qual a salvação vem tanto para gentios quanto para judeus por intermédio desta era evangélica. Embora esse seja um processo que está agora em operação, ele é um processo. Quando Paulo fala da “plenitude” de Israel (v. 11), “todo Israel” (v. 26), e a “plenitude” dos gentios (v. 25), ele está olhando para a conclusão do processo e de seus resultados. De acordo com o apóstolo, a gloriosa bênção que será o resultado da plenitude dos eleitos gentios e da plenitude dos eleitos judeus, agregados à família de Deus pela fé, será nada menos do que “vida dentre os mortos” (v.15). Isto é, o dia da ressurreição terá chegado!
Contra a sugestão pós-milenista de que “vida dentre os mortos”, em Romanos 11.15, refere-se à “era dourada” a ser introduzida após a conversão nacional de Israel,[36] surge o que seria uma objeção insuperável. Como essa era pode vir após a plenitude dos gentios e dos judeus ter chegado? Precisamos compreender o termo “plenitude” (do grego pleroma) em seu sentido completo. Para Paulo, esse é um vocábulo repleto de um significado pleno e rico de consumação. Com a entrada da plenitude de Israel e dos gentios, propósitos redentivos de Deus estarão cumpridos. Não haverá então período algum adicional à história, para delongar a realização das bênçãos da redenção.

continua...

[26] Historic premillennialism, p. 27.
[27]
The epistle to the Romans, vol 2 (Grand Rapids: Eerdmans, 1965), p. 84, 81.
[28]
The pauline eschatology (Phillipsburg, N.J.: Presbyterian and Reformad, reimp. 1991[1930]), p. 87-8.
[29]
The millennial maze, 171.
[30]
The epistles of Paul the apostle to the Romans and to the Tessalonians, trans. Ross MacKenzie (Grand Rapids: Eerdmans, 1960), p. 190.
[31] Uma análise especialmente útil é apresentada por O. Palmer Robertson em
Perspectives on evangelical theology, (org.) Kenneth S. Kantzer e Stanley N. Gundry (Grand Rapids: Baker, 1979), cap. 16, Is there a distinctive future for ethnic Israel in Romans 11?
[32] V. Herman Ridderbos,
Paul, trad. John Richard de Witt (Grand Rapids: Eerdmans, 1975), p. 354-61.
[33] Existem manuscritos primitivos que não incluem o terceiro “agora” (embora o texto dos mais importantes dentre eles,
p46, não esteja completamente correto). Mas a combinação do sinaítico, vaticano e o manuscrito original grego de claromontano, todos incluindo o terceiro “agora”, é uma evidência externa significativa. Considerando do ponto de vista da evidência interna, parece mais provável que o “agora” foi omitido pelo escriba, que achou que ele dificilmente se ajustava ao fato da descrença dos judeus da época, e que fora acidentalmente inserido como uma repetição do precedente “agora”. (A palavra hysteron, “depois”, foi interpolada nesse ponto em alguns manuscritos que são claramente bem posteriores – uma indicação da dificuldade que algum escriba posterior teve com a declaração apostólica diante dele.) Parece haver boa razão, portanto, para ver o terceiro “agora” como parte do texto original, como o fazem o Novo Testamento Grego da UBS, a NVI e a NASB.
[34] Thomas Schreiner pergunta: em “The Church as the New Israel and the future of ethnic Israel in Paul”,
Studia biblica et theological (13 abril de 1983), p. 26, “Como a salvação de todo eleito da história de Israel é um mistério?” Mas o mistério não é o fato de sua salvação, mas o modo, o método que Deus está usando para salvá-los.
[35] Is there a distinctive future for ethnic Israel in Romans 11?, p. 220.
[36] V. o comentário de John Murray citado no início desta seção. Essa é a interpretação dada nos comentários sobre Romanos por David Brown, Frederick Godet, Robert Haldane, Charles Hodge e William G. T. Shedd. V. Iain H. Murray,
The Puritan hope (Edinburgh: Banner of Truth, 1971), para índice das páginas desse volume, em que essa interpretação de Romanos 11:15 pelos escritores puritanos pode ser encontrada.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Você crê que Ele te ama?

por Brennan Manning.

Cristãos Radicais.

por Paul Washer.

Teologia do Sofrimento.

por Mark Driscoll.

O pecado...

por Paul Washer.

AMILENISMO: Parte 3.5 - 1ªCoríntios 15:20-26

...continuação.

IMPORTANTE
: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.


Os pré-milenaristas têm, com freqüência visto essa passagem de Paulo não apenas meramente compatível com a doutrina pré-milenarista, mas também como apoio para aquela doutrina:
Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.
Alguns argumentam que, uma vez que o apóstolo, no versículo 22, refere-se à ressurreição geral – deveríamos esperar que ele falasse da ressurreição dos injustos nos versículos 23 e 24. Assim, a referência de Paulo ao “fim” no versículo 24 precisa ser interpretada como apontando para outra fase, a final, depois da ressurreição pós-milenar: “Então virá o fim [da ressurreição]”. Mas o fato é que não há referencia à ressurreição geral no versículo 22.
Aqueles que discutem que Paulo fala aqui da ressurreição de toda a humanidade insistem que a palavra “todos”, na oração (“todos serão vivificados”), deve ser tão inclusiva quanto o termo “todos” da primeira oração (“todos morrem”). Em outro lugar, porém, o apóstolo usa a palavra “todos”, cuja referência não é inclusiva; e ele pode usar esse vocábulo nas duas orações de uma mesma sentença, quando em apenas uma delas houver a referência inclusiva. Imediatamente, pensamos em Romanos 5.18, em que a linguagem de Paulo é, de forma notável, paralela a 1Coríntios 15.22: “Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens”. Embora o “todos os homens” na primeira frase seja inclusiva (excluindo apenas nosso imaculado Salvador), essa expressão repetida na segunda frase não pode ser todo-inclusiva, porque o contexto deixa claro que Paulo está aí falando daquela justificação que é para a vida eterna; e é contrário a teologia de Paulo dizer que todos os homens e mulheres recebem essa justificação, quer confiem em Cristo, quer não.
[19]
Também, em 1Coríntios 15.22, quando Paulo fala de que “em Cristo todos serão vivificados” – o verbo e a frase preposicional são usados de forma coerente no NT para se referir a todas as mais elevadas e concebíveis bênçãos – devemos insistir que essa ressurreição que Paulo tem em vista no versículo 22 é para a vida eterna. Em parte alguma de 1Coríntios 15 a ressurreição dos ímpios é inserida no quadro.
O fundamento da interpretação pré-milenarista dos versículos 23 e 24 apóia-se na presença de dois advérbios (
epeita e eita), “advérbios de tempo, denotando sucessão”[20] – os dois traduzidos por “então” na NVI. Discute-se que assim como “um intervalo não identificado” interpôs-se entre a ressurreição de Cristo e a ressurreição dos que pertencem a ele (um intervalo assinalado pelo advérbio grego epeita no v. 23), também “um segundo intervalo indefinido” intervirá entre q ressurreição dos crentes na vinda de Cristo e “o fim” (um intervalo assinalado pelo advérbio grego eita, no v. 24).[21] Esse intervalo é o reino milenar de Cristo, o reino de Cristo como distinto do reino do Pai. George Ladd escreve:
Alguém pode arrazoar, então, que o “fim” deve ter lugar em um período considerável após a parousia de Cristo, em cujo tempo (no fim) ele entregará o reino ao Pai quando, por meio do seu reinado durante o período interveniente, ele completou a tarefa de subjugar todos os inimigos.[22]
Em resposta a isso, precisa ser admitido que o advérbio eita pode assinalar um longo intervalo, da mesma maneira que o advérbio epeita indica um extenso intervalo no versículo 23. Mas qualquer um desses “advérbios de seqüência” também pode ser usado no sentido de seqüência imediata: por exemplo, epeita em Lucas 16.7; eita em João 20.27. Não o próprio advérbio, mas o contexto pode determinar a extensão do intervalo assinalado pelo advérbio. O advérbio sozinho não pode carregar todo o peso da construção pré-milenarista que se apóia nele. Berkouwer observa:
A seqüência de pensamento em 1Coríntios 15:23s não é uma série: a ressurreição de Cristo seguida pela ressurreição dos crentes e finalmente pela ressurreição geral. A ênfase está sobre Cristo e o poder de sua ressurreição. A interpretação da seqüência epeita [...] eita [...] como uma referência paulina ao milênio tem vestígios de ser muito influenciada por Apocalipse 20.[23]
O que, pois, podemos apreender do contexto que dará a resposta sobre a extensão do intervalo assinalado pelo segundo “então”, o “então” do início do versículo 24?
1) O contexto maior das cartas de Paulo (e o Novo Testamento em geral) mostra-nos que “o fim” não pode ser separado da segunda vinda de Cristo. Por exemplo, note como o apóstolo, no início dessa mesma carta aos Coríntios, concilia a revelação (
apokalypsis) de nosso Senhor Jesus Cristo, o fim e o dia de nosso Senhor Jesus Cristo: “...Enquanto vocês esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado. Ele os manterá firmes até o fim, de modo que vocês serão irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.7,8).
2) Olhando com mais atenção 1Coríntios 15, nos versículos 24-26, aprendemos que Cristo destruirá a morte, “o último inimigo”, no “fim”. Esse será o último ato que Cristo realizará quando colocar todos os inimigos debaixo de seus pés e “entregar o reino a Deus, o Pai”. Mas, observe que nos versículos 54 e 55, o apóstolo Paulo uma vez mais fala da futura vitória sobre a morte.
...Então se cumprirá a palavra que está escrita: “a morte foi destruída pela vitória”.
“Onde está, ó morte, a sua vitória?
Onde está, ó morte, o seu aguilhão?”
O advérbio “então” (tote), no centro do versículo 54, fala quando a vitória sobre a morte será conquistada. E esse “então” aponta para o que Paulo vem descrevendo em vários versículos: a ressurreição dos crentes.
Portanto, devemos concluir que a vitória sobre a morte ocorrerá na ressurreição dos crentes (v. 54), que, por sua vez, acontecerá na vinda de Cristo (v. 23), e que essa vitória se dará no “fim” (v. 24-26). Assim, outra vez o “fim” não pode ser separado da segunda vinda de Cristo. Por conseqüência, a força do “então”, no versículo 24,
precisa ser aquela do “imediatamente então”.
O pré-milenarismo argumenta que Paulo fala de
duas vitórias sobre a morte nesse capítulo: uma preliminar, na vinda de Cristo e ressurreição de crentes (v. 54 e 55), e outra, final, após o milênio, na ressurreição e julgamento dos ímpios (v. 24-26). Nada há, porém, na linguagem do apóstolo que apóie esse raciocínio. O próprio Paulo não apresenta uma distinção entre a morte para crentes e outra para incrédulos. Nas duas partes ele fala simplesmente de “morte”, sem qualificação adicional. De fato, não há evidência de que Paulo tenha em mente a ressurreição dos ímpios em qualquer uma dessas passagens quando relata a destruição da morte, o último inimigo. Não seria bastante estranho que Paulo se alegrasse na ressurreição, julgamento e castigo final dos ímpios, como atos nos quais a morte será finalmente destruída? O fato é que a morte jamais é destruída até os maus serem afetados. Para eles, a ressurreição do corpo é somente o prelúdio do julgamento final e o que a Bíblia chama de “a segunda morte” (Ap 20.6).
O reino intermediário de Cristo alcança seu final culminante quando ele destrói o último inimigo, a morte, trazendo novamente seu povo à vida (v. 54 e 55), por ocasião de sua vinda (v. 23). Agora, se o “fim” acontece na vinda de Cristo, quando seu reino intermediário começa? O NT nos aponta claramente a ressurreição e glorificação de Cristo como o começo desse reinado (veja At 2.36; Ef 1.20-23; Fp 2.9-11; Hb 1.3; 10.12,13; 1Pe 3.21,22). Em Efésios 1.21, Paulo se vale das mesmas palavras gregas usadas em 1Coríntios 15.24 (
arche, exousia e dynamis) e, na mesma ordem: “muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio”. Essa passagem de Efésios também nos fala que foi quando Deus “ressuscitando-o dos mortos” (v. 20), exaltou a Cristo para dar início a esse domínio e reinado.
Em 1Coríntios 15.24-27, o apóstolo alegra-se no domínio intermediário que Cristo está agora exercendo com o objetivo de pôr todos os inimigos sob seus pés. Esse reino será completado quando Cristo vier e “a última trombeta” assinalar o dia da ressurreição para o povo de Deus (15.52).
[24] A transformação na ressurreição nos possibilitará herdar o reino de Deus – aquele final e eterno reino de Deus que aqui é contrastado com o reino intermediário de Cristo.[25] Quando Paulo fala claramente que Cristo um dia entregará o reino nas mãos do Pai (v. 24) “a fim de que Deus seja tudo em todos” (v. 28), ele não está contradizendo Pedro, que fala do “reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1.11). Devemos lembrar-nos que esse é especificamente o reino de Cristo de conquista sobre seus inimigos, que Paulo tem em vista em 1Coríntios 15. Quando essa conquista estiver completa e todo inimigo for destruído, essa espécie particular de reino terá alcançado seu fim. A história redentiva terá atingido sua dramática conclusão; cada propósito divino terá sido cumprido; e o Filho entregará ao Pai o domínio intermediário, que lhe fora dado com o propósito de alcançar justiça perfeita e paz, a eterna shalom de Deus.

fim da parte 3.


[19]
Na seção anterior de sua carta aos romanos (3:21-5:11), o apóstolo ensina claramente que os pecadores serão justificados “pela fé” (note especialmente 3:21, 26, 30; 4:5, 13; 5:1,2). Não se trata simplesmente de que pela fé vimos a compreender que fomos justificados; antes, como Paulo coloca em sua epístola aos gálatas, “assim, nós também, cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo” (Gl 2:16).
[20]
George Eldon Ladd, Crucial questions about the kingdom of God (Grand Rapids: Eerdmans, 1952), p. 178.
[21]
Historic premillennialism, em The meaning of the millennium: Four views, (org.) Robert G. Clouse (Downers Grove: InterVarsity, 1977), p. 39.
[22]
Crucial questions, p. 179.
[23]
The return of Christ, Grand Rapids: Eerdmans, 1972, p. 302.
[24]
Paulo utiliza aqui o adjetivo grego do qual procede nossa palavra “escatologia”: eschatos, “último”. Devemos apreciar o pleno significado dessa designação. Seria estranho se a “última” trombeta soasse na ressurreição dos crentes, se o reinado intermediário de Cristo apenas se iniciasse e então outra ressurreição ocorresse após um largo período de tempo.
[25]
De acordo com a interpretação pré-milenarista, a ressurreição conduz os crentes ao reino milenar de Cristo, como distinto do reino final de Deus. A linguagem de Paulo em 1Co 15:50, todavia, não se ajusta a essa explicação.

quinta-feira, 12 de março de 2009

AMILENISMO: Parte 3.4 - 2ªPedro 3:3-14

...continuação.

IMPORTANTE
: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.


Uma cuidadosa leitura dessa passagem revelará que Pedro apresenta um quadro do que acontecerá quando nosso Senhor retornar, que está em total harmonia com o ensino de Paulo em Romanos 8.17-23.

Pedro está respondendo aos escarnecedores que perguntarão: “O que houve com a promessa da sua vinda?” (2Pe 3.4), declarando que “o dia do Senhor virá” (v. 10). Está claro que a “vinda” [
parousia] de Cristo e o “dia do Senhor” referem-se ao mesmo evento. Caso contrário, a afirmação de Pedro no versículo 10 não seria relevante como resposta à pergunta zombeteira do versículo 4. Nos versículos 7, 10, 11, 12 e 13, Pedro fala do que pode ser chamado de “renovação cósmica” – isto é, a destruição do céu e da terra atuais por fogo, de forma que um novo céu e uma nova terra, “o lar dos justos”, possam surgir. Isso terá lugar, diz Pedro, no “dia do juízo e [...] [da] destruição dos ímpios” (v. 7).
Os pré-milenaristas tem respondido com freqüência que essa simultaneidade do juízo sobre os ímpios e a queima do mundo com fogo não representa problema para seu ponto de vista, uma vez que o pré-milenarismo entende que os dois eventos ocorrem no final do milênio. Mas não é simplesmente que nessa passagem a renovação cósmica esteja colocada dentro do “dia do Senhor” (v. 10; “o dia de Deus”, v. 12) – como se pudéssemos conceber o dia do Senhor como um longo período de tempo, com o julgamento dos ímpios e a renovação cósmica tendo lugar no fim desse dia. Mais exatamente é a
vinda (parousia) do dia do Senhor que é identificada com o desaparecimento dos atuais céus e terra.
Essa interpretação do versículo 10 é confirmada pelo versículo 12. Infelizmente, a NVI refere-se aqui apenas ao “dia de Deus”. O texto grego fala da “
vinda [parousia] do dia de Deus”. Novamente, é a vinda do dia de Deus que marca a fusão dos elementos pelo calor. Note que aqui Pedro faz a mesma exortação à vigilância e santidade de vida aos crentes, em vista da vindoura desintegração dos céus e terra atuais (v. 11, 13 e 14), que também é feita em outra parte do NT devido à vinda do próprio Cristo. A vinda de Cristo e a transformação do cosmos são apresentadas como a meta do cristão vigilante, pois elas ocorrerão concomitantemente.
Em outras palavras, o quadro apresentado pelo Espírito por intermédio de Pedro não permite que mil anos intervenham entre a segunda vinda de Cristo e a vinda do dia do juízo divino e da renovação cósmica.


continua...

quarta-feira, 4 de março de 2009

AMILENISMO: Parte 3.3 - Romanos 8:17-23

...continuação.

IMPORTANTE
: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.

Se somos filhos, então somos herdeiros – herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória.
Considero que todos os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.
Aqui, o apóstolo afirma o ardente desejo dos crentes em Cristo e de toda a criação, pela prometida glória vindoura. Ele também fala dos sofrimentos do tempo presente e da glória que nos será revelada. A versão NVI – “nossos sofrimentos atuais” – obscurece, talvez, o ímpeto do contraste apostólico, que é “não [um contraste] entre sofrimentos suportados pelo crente nesta vida antes da morte, e a felicidade que desfruta na morte”.[18] A frase “até agora” é outra maneira de se referir ao período de que Paulo relata em outro lugar como “deste mundo” ou “desta presente era” (Rm 12.2; Gl 1.4; Ef 1.21). O contraste, em outras palavras, é entre os sofrimentos que caracterizam esta era e a glória que caracterizará a próxima era, a era vindoura.
Falando da “natureza criada”, o apóstolo utiliza uma figura de linguagem chamada “personificação”; isto é, ele fala do cosmos material como se esse fosse uma pessoa pensante, sensível e volitiva. Não apenas os crentes que “gemem” com “grande expectativa” da glória vindoura, mas também “toda a natureza criada”. A criação ficou sujeita à esterilidade, deterioração e decadência envolvidas na maldição pronunciada no Éden por causa do pecado de Adão (Gn 3.17,18). O que a sujeitou “na esperança” (Rm 8.20) foi Deus. E a “esperança” de que Paulo fala é a esperança da renovação cósmica prometida em outro lugar na Bíblia: “a regeneração [renovação] de todas as coisas” (Mt 19.28); “o tempo em que Deus restaurará todas as coisas“ (At 3.21); “novos céus e nova Terra” (2Pe 3.13; Ap 21.1; v. Is 65.17; 66.22).
Ou seja, essas são “as dores de parto” de que Paulo fala em Romanos 8.22; elas não são dores de morte. Este mundo será renovado e não aniquilado. Caso contrário, Paulo não poderia ter dito que ele ficou sujeito “em esperança” (8.24,25). Eis por que deveríamos falar de renovação cósmica em vez de destruição cósmica. Pense no paralelo que Pedro faz entre o juízo futuro e antigo juízo do Dilúvio: “O mundo daquele tempo foi [...] destruído”, mas certamente não aniquilado (2Pe 3.6). Compare a imagem que Paulo faz do cristão como um “novo homem” (Ef 4.24; Cl 3.10 KJV), e como uma “nova criação” (Gl 6.15). O novo ser é o antigo feito novo.
O cristão não é uma nova pessoa no sentido absoluto, como se Deus houvesse escolhido criar um povo para si mesmo a partir do ar rarefeito ou das pedras da margem da estrada. Jesus disse que Deus poderia fazer isso (Mt 3.9), mas ele preferiu não fazê-lo. Antes, pelo poder do Espírito de Cristo, ele escolheu fazer novos os pecadores perdidos. A renovação do cosmos é comparável à ressurreição do corpo. E quão novo será esse corpo - tão diferente de nosso corpo presente como o grão que surge da semente que foi semeada (1Co 15.35-44). Contudo, Paulo indica que haverá uma conexão (embora ela possa ser misteriosa à nossa mente) para os nossos corpos atuais. Todavia, esse milagre não poderia ser descrito como uma “ressurreição” de nossos corpos.
Paulo retrata de forma expressiva o ansioso desejo dos crentes e de toda a criação e ele se regozija no fato de que esse desejo será satisfeito; os justos e a criação conhecerão uma segura e completa libertação.
Paulo expressa esse futuro livramento do povo de Deus de vários modos. Ele fala da glorificação com Cristo (Rm 8.17), “a glória que em nós será revelada” (v. 18), a revelação dos filhos de Deus (v. 19), “gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (v. 21), “nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (v. 23). Todos esses termos falam da libertação completa do pecado e dos seus resultados maravilhosos advindos dessa libertação.
Paulo nos fala aqui sobre quando essa libertação total será nossa – na ressurreição. Ele a chama de “a redenção de nosso corpo”, o grande objetivo para o qual os crentes receberam o selo do Espírito Santo como depósito, “a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus” (Ef 1.14). O apóstolo também se refere a ela como “nossa adoção”, porque as implicações completas da bendita adoção que já desfrutamos em união com o Filho de Deus serão efetivadas só naquele momento. E, como veremos, Paulo ensina claramente em 1Coríntios 15.23 que a ressurreição dos que pertencem a Cristo ocorrerá na vinda de Cristo [parousia].
Paulo descreve a libertação da criação como o resgate “da escravidão da decadência [...] a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8.21). Assim, o livramento da criação de todas as corruptoras conseqüências do pecado humano que a afetaram será tão completa e final quanto a libertação do povo de Deus do pecado e suas conseqüências.
Aqui novamente o apóstolo dirige nossa atenção para o tempo em que essa libertação será realizada: quando “os filhos de Deus [forem] revelados” (Rm 8.19). O dia de sua “revelação” [apokalypsis] como filhos de Deus é a gloriosa meta da expectação dos crentes, e também a expectante meta da criação. Nesse tempo, a própria criação será libertada “da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (v. 21). A “revelação dos filhos de Deus” e “a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” não podem ser adiadas para além da vinda de Cristo e da ressurreição, nem o livramento da criação posposto ao grande dia.
Isso é descartado pelos versículos 22 e 23, nos quais vemos os crentes e toda a criação gemendo juntos e esperando pela adoção que aqui é definida como “a redenção de nossos corpos”. Esse maravilhoso evento, a ressurreição, é assim revelado como o ponto final do gemido da criação.
Portanto, o significado dessa passagem com relação ao assim chamado “assunto milenar” está claro. O apóstolo Paulo, por inspiração do Espírito Santo, ensina que a glória da ressurreição dos filhos de Deus marcará também a glória da ressurreição da criação. Na vinda de Cristo, e não um milênio mais tarde, “a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência”, e participará da glória que é comparada à “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.

continua...


[18] John Murray, The epistle to the Romans (Grand Rapids: Eerdmans, 1959), vol. 1, p. 300.
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