quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Reino Milenar - Parte 3.


...continuação.

Importante: O texto a seguir é de autoria de Leandro Lima, pastor efetivo na IPB de Santo Amaro, SP, mestre em Teologia e História pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e doutor em Letras - Literatura, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Sequência não-cronológica.

Os Pré-Milenistas interpretam o texto de Apocalipse 20 como acontecendo depois da volta de Jesus, porque entendem que o capítulo 20 segue cronologicamente o capítulo 19. Porém, o Apocalipse não é um livro que deva ser lido em ordem cronológica. Narrando coisas que dizem respeito ao fim, João freqüentemente volta aos primórdios do Evangelho a fim de dar o entendimento global da batalha do mal contra o bem.

Ao chegarmos no capítulo 20 do Apocalipse, já fomos informados como praticamente todos os inimigos de Cristo encontrarão o seu fim. Mas, ainda resta um, o pior de todos, Satanás. Sua derrota já foi decretada e anunciada (12.12), mas não foi ainda explicada, pois João deixou esta explicação para o final. João já disse que Satanás perdeu seu lugar no céu, após a batalha com Miguel (Ap 12). O que ele está fazendo no capítulo 20 é demonstrar como foi realmente essa derrota. Não podemos entender Apocalipse 20-22 como sendo uma continuação do capítulo 19.

Provavelmente a maneira mais correta de interpretar o Apocalipse é entendendo que são descritas sete seções paralelas. É como se João contasse a mesma história pelo menos sete vezes, porém, cada vez, ele acrescenta detalhes que não estavam nas descrições anteriores. É somente no último ciclo, ou seja, quando ele reconta a história pela última vez, que ela fica completa. A divisão que Hendriksen propõe é a seguinte:

A Primeira Seção: “Cristo no meio dos sete candeeiros” (Ap 1-3).
A Segunda Seção: “A Visão do céu e dos Sete Selos” (Ap 4.1-7.17).
A Terceira Seção: “As Sete Trombetas” (Ap 8-11).
A Quarta Seção: “O Dragão Perseguidor” (Ap 12.2-14.20).
A Quinta Seção: “As Sete Taças” (Ap 15.1-16.21).
A Sexta Seção: “A queda da Babilônia” (Ap 17.1-19.21).
A Sétima Seção: “A Grande Consumação” (Ap 20.1-22.21) [6].

De fato no capítulo 20 se inicia uma nova seção que vai descrever outra vez a dispensação cristã como um todo, desde a primeira vinda de Jesus até sua segunda vinda e o juízo final, como fizeram todas as seis seções ou ciclos anteriores. Repare que a segunda vinda de Cristo e o julgamento do mundo haviam sido anunciados em todas as seis seções anteriores.

Veja como o sexto selo na segunda seção descreve o fim do mundo em cores vívidas (6.12-17). Da mesma forma na sétima trombeta da terceira seção, a consumação de todas as coisas é claramente descrita (11.15-19). E este acontecimento é também descrito em 14.14-20 no final da quarta seção, com o acréscimo de detalhes de como será a separação entre os crentes e os ímpios.

Note que neste texto os crentes são ceifados e recolhidos no celeiro, enquanto que os ímpios são pisados como se fossem uvas. Assim também o sétimo flagelo da quinta seção descreve o fim de tudo, mas aqui é pela primeira vez descrita uma batalha antes do fim, a batalha do Armagedom (16.12-21). Mas, a explicação mais clara desta batalha está no final da sexta seção onde o cavaleiro montado no cavalo branco desce para destruir os exércitos do diabo e dos seus aliados. Portanto, João está recontando pela sétima e última vez como é a derrota do mal.

É muito difícil que Apocalipse 20 seja uma descrição do que acontece depois de Apocalipse 19, pois no capítulo 19 já aconteceu a consumação. Os ímpios foram vindimados na batalha do Armagedom e os homens rebeldes foram mortos (19.21). No capítulo 20 a história é recontada a fim de explicar como será destruído o último inimigo, Satanás, e assim, todos os detalhes se completam.

Em defesa desta posição Hendriksen mostra o paralelo que há entre os capítulos 11-14 e 20-22 [7]:


Continua...

Link original: http://www.ipsantoamaro.com.br/artigos/o-reino-milenar.html

[6] Ver William Hendriksen. Mais Que Vencedores, p. 26-35.
[7] William Hendriksen. Mais Que Vencedores, p. 218.

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