terça-feira, 5 de outubro de 2010

CAPÍTULO XI - Novos céus e uma nova terra.

...continuação.

Importante: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).

A Carta aos Romanos.


Nos versículos 3 a 16 do segundo capítulo da epístola aos Romanos, lemos:
E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?
Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?
Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;
O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:
A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;
Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade;
Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;
Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego;
Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.
Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;
Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;
No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
Trata-se aqui, indiscutivelmente, do julgamento final. Mesmo a ressurreição dos justos está implícita, quando o apóstolo se refere aos que procuraram a imortalidade como a recebendo em "vida eterna". Nesta passagem, Paulo ensina que o julgamento dos justos e dos maus será simultâneo. "No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens por meio de Jesus Cristo" duas coisas acontecerão: os que houverem procurado glória, honra e incorruptibilidade receberão vida eterna e aos que tiverem sido desobedientes sobrevirão indignação e angústia. Dr. David Brown diz:
"Essa passagem é singularmente decisiva. Observe-se a alternação dos justos para os ímpios e dos ímpios para os justos, na descrição de um mesmo dia de julgamento."
Diz o Bispo Waldegrave:
"Ela nos instrui, declarando clara e reiteradamente que, assim como haverá uma convocação simultânea de justos e injustos, haverá igualmente simultâneo julgamento, sem exceção de um só indivíduo, no Tribunal de Juízo para a eternidade."
Não fica bem aos pré-milenistas tomar "o dia" aqui mencionado como um período de mais de mil anos, com um julgamento no seu início e outro no fim, citando, como apoio, o texto "um dia é para o Senhor como mil anos". Conforme sugere o Bispo Waldegrave:
"Poderíamos, com igual propriedade, sustentar que o resto do texto 'e mil anos como um dia' dá a interpretação correta do 'milênio' de Apocalipse 20. Paulo, em Romanos 2, e o seu Mestre, em Mateus 25, declaram, coincidentemente, o julgamento simultâneo de toda a humanidade. O apóstolo descreve um só evento, perfeitamente unificado, no qual são decididos os destinos de todos - para sempre."
A 1ª Epístola de Pedro.

No primeiro capítulo desta carta, lemos que o povo escolhido de Deus tem uma "viva esperança" de "uma herança incorruptível, incontaminável e que não pode murchar, guardada nos céus" para ele (1ª Pedro 1:3,4). A herança milenária, a cujo respeito muitos são tão entusiastas, não deixa de ser mesclada com o mal - uma parcela bem considerável de mal, que se manifesta, ao fim do período, em uma multidão de rebeldes cheios de perversidade infernal. Essa herança do milênio é terrena e de duração limitada. Mas a herança para a qual Pedro chama a atenção do crente não apresenta qualquer defeito; coisa alguma a macula. Sua felicidade é eterna e "no céu". Não é de admirar que Pedro exorte os crentes a colocar sua esperança, inteiramente, na graça que lhes estava sendo trazida "na revelação de Jesus Cristo" (1ª Pedro 1:13), pois que, quando Cristo aparecer, toda a Igreja resgatada será levada para estar para sempre com o Senhor, nas mansões celestiais, às quais não terão acesso o mundo, a carne, ou satanás.

A 2ª Epístola de Pedro
.

No capítulo 3 desta epístola, o apóstolo se dispõe a fazer lembrar a seus leitores verdades já bem conhecidas. Isso faz porque surgiriam escarnecedores, que zombariam da doutrina da volta de Cristo, dizendo: "Onde está a promessa de sua vinda?" Esses escarnecedores imaginariam que o mundo continuaria sempre como foi no passado. Mas Pedro assegura o contrário.
"Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.
Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.
Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade,
Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.
Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz." (2ª Pedro 3:7-14).
Destaquemos alguns pontos nesta passagem:

1) Pedro não está ensinando coisa nova, pois expressamente diz estar repetindo verdades bem conhecidas, ensinadas por profetas e apóstolos. Usa a mesma figura empregada pelo Senhor Jesus e por Paulo, quando compara a vinda do Senhor à de um "ladrão" (ver 2ª Pedro 3:10, Mateus 24:42-44 e 1ª Ts 5:2).

2) O "dia do Senhor" e a vinda do Senhor são uma e a mesma cousa. Observemos a conexão. Escarnecedores dirão:
"Onde está a promessa da Sua vinda?"
A isso Pedro responde:
"O Senhor não retarda a sua promessa... O dia do Senhor virá."
E acrescenta:
"nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra."
Os escarnecedores podem zombar da "promessa de sua vinda", mas Pedro nos assevera, por duas vezes, que aquela promessa há de ser cumprida, com absoluta certeza, na vinda do dia do Senhor, que trará novos céus e uma nova terra. Notemos ainda: o Senhor referiu-se a Sua vinda comparando-a com à de um ladrão. Pedro fala do "dia do Senhor" comparando-o à vinda de um ladrão. Essa é uma nova indicação de que "a vinda" e "o dia do Senhor" são um mesmo acontecimento.

3) Por ocasião da "vinda" ou "dia do Senhor" haverá uma grande conflagração. Uma palavra grega muito forte é empregada com referência ao desaparecer dos céus e da terra - uma palavra que indica um incêndio total. Haverá grandes transformações cataclísmicas, quando o Senhor vier. Surgirão um novo céu e uma nova terra, sendo que o primeiro céu e a primeira terra terão desaparecido. Aquele que está assentado no trono dirá:
"Vede, faço novas todas as coisas."
Isso não se coaduna com a doutrina pré-milenista de que Jesus virá para reinar em Jerusalém sobre um mundo muito parecido com o atual. Pelo que se lê em 2ª Pedro, não haverá "velho mundo" após a Sua vinda. E certamente o coração cristão se delicia em pensar que não é sobre o mesmo mundo pecador que O rejeitou que Ele virá reinar, porém sobre um mundo novo.

4) Essa destruição do céu e da terra será inesperada - "O dia do Senhor virá como um ladrão à noite, quando os céus desaparecerão e a terra será queimada." O falecido Rev. James Hunter, M.A., citando esse texto, deu uma forte resposta aos pré-milenistas que "dizem ser a Bíblia para eles infalivelmente verdadeira e, apesar disso, afirmam, com os cientistas ateus, que a terra durará ainda centenas de anos - mais de mil anos." Se tivessem razão, a dissolução da terra estaria ainda muito longe e não poderia sobrevir inesperadamente.

5) A vinda de Cristo surgirão um novo céu e uma nova terra em que haverá perfeição absoluta (2ª Pedro 3:13). O Rev. James Hunter, certa vez, disse:
"Tem-se a impressão de que o diabo deve ter rasgado o terceiro capítulo da segunda carta de Pedro da Bíblia de alguns cristãos atuais."
Ele estava pensando nas idéias estranhas a respeito de um reino terreno, após a vinda de Cristo, um reino formado, em grande parte, por homens e mulheres não regenerados, deixados para esse fim; um povo que um comentador pré-milenista (Walter Scott) admite estar "em condições - para dizer o mínimo - imperfeitas." Hunter continuou, afirmando que Cristo, quando vier, não terá de se preocupar com o suprir de pessoas o novo mundo. Estarão à mão: os seus próprios redimidos.
"Impiedade", disse Hunter, "não existirá naquele mundo... tendo sido removidos a maldição e o pecado que a ocasionou, nada haverá a ferir ou destruir na santa montanha de Deus."
No novo céu e na nova terra, diz Pedro, "habita a justiça." Em Romanos 8:21, somos informados de que a "criatura mesma (a própria criação) será redimida da servidão da corrupção para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus." Paulo prossegue, dizendo que não apenas a criação, mas "nós mesmos gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nossos corpos." Toda a natureza, agora gemendo sob a maldição pronunciada quando se deu a queda, aguarda uma libertação e renovação correspondentes à libertação dos redimidos. Essa libertação não pode ser o milênio, uma vez que o pecado permanecerá durante ele, embora contido pelo governo de Cristo. É à "gloriosa liberdade (literalmente, à liberdade da glória) dos filhos de Deus" que a criação deseja ardentemente ser admitida. Essa liberdade gloriosa, experimentada quando da redenção ou ressurreição do corpo, é um estado de perfeição absoluta. Podemos ver que Paulo (Rm 8:21,23) e Pedro (em sua segunda carta) se referem à mesma grande transformação ou ao "fogo" de que emergirão novos céus e uma nova terra, apropriados para serem a morada dos santos glorificados.

6) Pedro concita os crentes - em vista da inevitável dissolução do céu e da terra, quando Cristo vier - a que aguardem e apressem "a vinda do dia de Deus, quando os céus em fogo se desfarão e os elementos, ardendo, se fundirão." O dia do Senhor e o dia de Deus são manifestamente o mesmo, pois o que deverá acontecer em um é citado como acontecendo também no outro (2ª Pedro 3:10 e 12). Para o grande evento de que Pedro fala, os cristãos devem estar em constante preparo, santificando-se enquanto o aguardam. Será um grande dia para eles.

7) Evidentemente, será um dia temível, de juízo e perdição para os ímpios (v. 7). Vindo com o imprevisto de um ladrão, os alcançará desapercebidos. Ressalta dos versículos 7, 10-12 que o dia da "destruição" dos céus e da terra pelo fogo é o mesmo "dia de julgamento e perdição dos ímpios" e o dia feliz que os cristãos devem esperar com alegria. Essa passagem (2ª Pedro 3) não deixa lugar para um milênio em que, após a segunda vinda, pessoas não salvas passarão a viver, participando de algo da sua bem-aventurança. Não existirá qualquer mal, ainda que um mal controlado, em todo o vasto domínio dos santos de Deus, ressurretos e glorificados. Eles herdarão, afirma Pedro, um novo céu e uma nova terra onde só habita a justiça. Vamos passar, agora, ao livro do Apocalipse. Recordemos, no entanto, o ensino dos Evangelhos, do Livro de Atos e das Epístolas. Verificamos que nenhum deles, em passagem alguma, ensina que a segunda vinda dará lugar a um reino provisório onde as glórias dos santos ressurretos, com seus corpos glorificados, serão partilhadas com pecadores. O testemunho unânime do Senhor Jesus e Seus apóstolos é que a segunda vinda trará perdição total aos ímpios e felicidade eterna aos crentes e desse estado eterno de bem-aventurança o pecado estará completamente e para sempre excluído. Dr. Robert Strong, de cujos artigos no "The Presbyterian Guardian" recebemos muitas sugestões sobre o assunto, resume o ensino do Novo Testamento no tocante à segunda vinda da seguinte forma:
"O Senhor volta a um mundo que ainda é hostil ao seu Evangelho e ao Seu domínio. Ressuscita os corpos dos santos mortos e os traslada, bem como os Seus santos que ainda vivem, para permanecerem com Ele. Destrói o Anticristo e seus seguidores rebeldes em uma catástrofe de fogo que consome também o mundo. Estabelece o trono do Seu julgamento e convoca perante ele homens e anjos. Então, os que tiverem sido justificados serão absolvidos publicamente e aclamados como Seu povo e os homens ímpios e anjos rebeldes serão com justiça destinados à perdição eterna. Cria novos céus e uma nova terra a fim de serem a habitação da justiça para sempre. Considerando que nós, os que cremos, aguardamos tais acontecimentos, devemos nos esforçar diligentemente para sermos encontrados em paz, sem mácula e inculpáveis à Sua vista. Que outros sejam despertados para buscar o Senhor enquanto se pode achar!"
continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...