sábado, 31 de julho de 2010

CAPÍTULO IV - Os reformadores e o milênio.

...continuação.

Importante: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).

Ao comentar o capítulo 20 do Apocalipse, Agostinho explicou o fato de Satanás ser atado como o cumprimento das palavras de Jesus:
"Como pode alguém entrar na casa do valente e saquear seus bens, se primeiro não manietar o valente?"
Ele considerava o reinado dos santos com Cristo como um fato atual, presente. Sua interpretação foi mui largamente aceita pela Igreja, durante os séculos seguintes. Pondera dr. Shedd que durante a Idade Média dificilmente se pode descobrir a existência de milenismo como doutrina. Ao se aproximar o ano 1.000, generalizou-se (citamos Shedd) um...
"...temor indefinido e certa tensão entre as massas ante a idéia de que aquele ano seria o da segunda vinda do Senhor."
Isso não se deveu a qualquer crença em pré-milenismo, mas à noção largamente difundida de que os mil anos citados no capítulo 20 do Apocalipse haviam começado com o nascimento de Cristo, sendo o estabelecimento da Igreja Cristã considerado como a "primeira ressurreição." Por esse motivo, esperava-se que o ano 1.000 trouxesse o fecho da História. Passou-se o ano e os que tinham jogado fora seus tesouros e abandonado propriedades como coisas sem qualquer valor passaram ao extremo oposto. Puseram-se a construir em grandes proporções, como se este mundo fosse durar eternamente. Quando ocorreu a Reforma, de novo surgiu o milenismo. Passou a fazer parte da teologia dos violentos Anabatistas. Os Reformadores opuseram-se firmemente ao ensino dessa seita. A Confissão de Augsburgo, preparada por Melancthon, aprovada por Lutero e submetida ao Imperador e aos regentes da Alemanhã como a Confissão da Fé Protestante, condenou o milenismo como "uma opinião judaica", rejeitando-a, bem como a outra doutrina anabatista de um castigo futuro limitado. A "Confissão de Eduardo VI" da Inglaterra, da qual foram, mais tarde, condensados os 39 Artigos, também condena o milenismo, nos seguintes termos:
"Os que tentam reviver a fábula do milênio se opõem às Sagradas Escrituras, atirando-se imprudentemente aos absurdos judaicos."
Calvino demonstra desprezo pelas idéias pré-milenistas, ao dizer, no capítulo acerca da "Ressurreição Final", nos suas "Institutas", que Satanás tem tentado corromper a doutrina da ressurreição dos mortos usando várias ficções. E acrescenta:
"Não é preciso mencionar que começou a se opor a ela já nos dias de Paulo; não muito depois, fez surgirem os Milenistas, que limitaram o reino de Cristo a mil anos. Essa ficção é demasiado pueril para exigir ou merecer refutação."
A "Confissão Belga", amplamente adotada na Holanda, na Bélgica e na Alemanha, preserva a doutrina da segunda vinda de Cristo pelo ensino de que o seu tempo é desconhecido de todos os seres criados e só ocorrerá quando estiver completo o número dos eleitos. Isso protege contra uma das piores características do pré-milenismo, a saber, que haverá salvação depois da volta de Cristo aos Seus. A "Segunda Confissão Helvética", adotada na Suiça, Escócia, Hungria, França, Polónia e Boêmia, diz, em linguagem muito forte:
"Rejeitamos os sonhos judaicos de que antes do Dia do Juízo haverá uma idade áurea na terra, e que os santos tomarão posse dos reinos do mundo, depois de terem sido subjugados os seus inimigos, os ímpios."
A Confissão prossegue, citando as Escrituras contra tais "fantasias judaicas".
Em verdade, quando, durante a Reforma, os homens voltaram à Palavra
de Deus, lá não encontraram milenismo.
Em último lugar, consultemos o Catecismo Maior dos Teólogos de Westminster:
"Cremos que no último dia haverá uma ressurreição geral dos mortos, tanto dos justos como dos maus, quando os que estiverem vivos serão transformados num momento e os mesmos corpos dos mortos que estiverem nos túmulos serão reunidos às suas almas para sempre, ressuscitados pelo poder de Cristo. Os corpos dos justos, pelo Espírito de Cristo e pela virtude da Sua ressurreição como Cabeça deles, serão erguidos em poder — espirituais, incorruptíveis e tornados semelhantes ao Seu corpo glorioso; e os corpos dos ímpios serão ressuscitados em desonra, por Ele, como um Juiz ofendido."

"Imediatamente após a ressurreição haverá o julgamento geral e final de anjos e homens. Esse é um dia e essa, uma hora inteiramente desconhecidos dos homens, para que todos vigiem e orem, e estejam sempre preparados para a vinda do Senhor." (Respostas, 87 e 88)."
Os Teólogos de Westminster apoiam essa declaração com uma convincente relação de provas escriturísticas.
A posição histórica Protestante não é milenista. Pelo contrário, insiste em que a segunda vinda de Cristo será o sinal para o julgamento geral e final.


continua...

3 comentários:

  1. Discordo totalmente da caracterização "violentos anabatistas". Os anabatismo foi, de uma forma geral, um movimento pacífico. Os anabatistas foram uma minoria violentamente perseguida e morta por católicos e protestantes. Um único evento violento, em um único local, por parte de um gruopo de ananbatistas, não serve para caracterizar um movimento. Estranho que os protestantes, que patrocinaram tantas guerras e morticínios, e os católicos, que patrocinaram muito mais, falem assim dos ananbatistas.

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    1. Concordo plenamente, e até me assustei quando me deparei com o texto.

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  2. Renato,

    Não tenho conhecimento aprofundado desse fato histórico para tecer uma opinião mais crítica. De qualquer forma, concordo com você que não se pode taxar qualquer movimento com base em um evento isolado.
    Talvez o autor tenha outra coisa em mente, mas sem a explicação do mesmo não dá pra saber.

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