sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Isaías 65:17-25... pedra no sapato de quem? - Parte 3

...continuação.

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de David J. Engelsma. Pastor reformado e professor de Antigo Testamento no Protestant Reformed Seminary.

Um cumprimento espiritual da profecia de Isaías 65:17-25.

Interpretar literalmente as profecias do A.T. nos leva e vislumbrar um reino terreno de Cristo, e isso é feito pelos pós-milenistas.
Além disso, uma constante interpretação literal leva ao absurdo. Nem mesmo o mais ardente defensor e praticante de uma interpretação literal de Isaías 65:17-25 pode sustentá-la, como já foi demonstrado anteriormente.
Mas a profecia do A.T da vinda do reino Messiânico não pode ser interpretada dessa forma. Para que isso fosse possível, na melhor das hipóteses, deveríamos considerar tornarmo-nos pré-milenistas dispensacionalistas, focalizando a escatologia na restauração do Israel do A.T. com suas glórias terrenas e, na pior das hipóteses, como Hermam Bavink nos alertou, retornarmos ao judaísmo.
O N.T. nos instrui a interpretar a profecia do A.T. espiritualmente. Através das “figuras” terrenas familiares aos profetas e seus ouvintes, o Espírito Santo predisse as glórias espirituais de Jesus Cristo, Sua Igreja e Sua nova criação. Essas características terrenas – casas, vinhas frutíferas, o trabalho bem sucedido, dias livres de problemas e sem pranto, viver centenas de anos, Jerusalém – não são e nunca foram a realidade da profecia para o israelita espiritual daquela época. Ele ou ela – os israelitas – viam através dessas características e além delas melhores e superiores perspectivas.
“Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.” (1ª Coríntios 2:9)
Sobre isso o que podemos entender? Casas, vinhas frutíferas, o trabalho bem sucedido, dias livres de problemas e sem pranto, viver centenas de anos e Jerusalém, são todas as coisas que os olhos viram e ouvidos ouviram, penetrando no coração do homem apenas para que pudesse imaginar. Por isso, essas não são as coisas que Deus preparou para os israelitas espirituais que o amavam.
Aquelas trivialidades terrenas, outrora usadas para representar o reino e a vida celestial, certamente não são a realidade das profecias do A.T. para nós, crentes do N.T., que já começamos a experimentar a vida, as riquezas e a glória do Cristo ressuscitado pelo dom e habitação do Espírito do Pentecostes.
Creio que o pós-milenista realmente não aprecia o absoluto desinteresse com o qual o amilenista trata o “esplêndido” reino terreno do pós-milenismo.
Suponha por um momento que os reconstrucionistas, pela persistência das igrejas e por seus próprios esforços heróicos, em aliança com cristãos de outras denominações, realizam este sonho. O mundo inteiro, incluindo todas as nações, será governado por cristãos e serão cumpridas as expectativas de Kik, Boettner, North, Chilton, Gentry, entre outros.
Porém, nós amilenistas não vamos pular de alegria. Por que deveríamos? Ora, ainda haverá morte neste mundo. Cedo ou tarde, ainda vamos ter que sentir a amarga angústia da separação da esposa amada, dos filhos, pais e amigos. Que diferença faz passar por essa tristeza depois de quinhentos anos, e não depois de cinqüenta anos? Na verdade, a dor depois de quinhentos anos deve ser pior que a dor após cinqüenta anos.
O pecado ainda existirá no reino pós-milenial. Todo dia nós teremos consciência da nossa miserável culpa e vergonha, que é o pior sofrimento de todos. Todo dia teremos que lutar interiormente contra o pecado que arrancará de nós o gemido: “Oh, miserável homem que sou”. Que diferença pode fazer Gary North sentado no trono do mundo e Kenneth Gentry Jr. no comando das rádios, televisão, filmes e internet?
Haverá hordas de ímpios neste reino pós-milenial e até mesmo o mais otimista pós-milenista tem que admitir isso, mas eles vão esconder essa informação. Exteriormente, eles estarão em conformidade com a lei de Deus, particularmente as regulamentações civis do A.T., seja pelo desejo egoísta de desfrutar da prosperidade material ou por medo de uma vingança por parte dos “cristãos” reconstrucionistas. Mas em seus corações eles vão odiar a Deus. Eles vão ser interiormente rebeldes contra Cristo. No final do milênio eles se levantarão contra o Senhor (Ap. 20:7-9).
Isto é uma ofensa ao amilenismo. Ora, Se houvesse ao menos um inimigo de Cristo no reino, isso O afligiria, pois haveria no reino messiânico um desprezo pelos mandamentos de Deus, pelo menos nos corações e mentes dos ímpios. E, como o saltério diz: “porque os teus estatutos são desprezados, com imensa tristeza e choro.
Não haverá visão alguma de Deus na face de Jesus Cristo neste reino pós-milenista, a não ser por um olhar deturpado.
Somente por estas razões, nós amilenistas não estaríamos entusiasmados com este reino reconstrucionista. Na verdade, estaríamos gemendo, como fazemos hoje, esperando pela redenção do nosso corpo (Rm 8:23). Nós estaríamos chorando noite e dia pela vingança divina de Cristo sobre seus inimigos (Lucas 18:1-8). Nós estaríamos orando com fervor: “Senhor, ponha um fim neste negócio pós-milenista o mais rápido possível, e venha depressa.”
O que é ainda mais angustiante para o amilenista é que este reino pós-milenial pretende ser a forma final e culminante do reino Messiânico. De acordo com os pós-milenistas em geral e os reconstrucionistas em particular, com o fim do milênio o reino de Cristo chega ao seu fim. Segundo eles, a eternidade que se segue não será o reino Messiânico, mas somente o reino vazio de Deus.
É isto o que eles pensam do reino de Cristo! Que este reinado terrestre por meio da igreja, cheio de pecado, morte, e os réprobos não regenerados que odeiam e amaldiçoam a Cristo de manhã, de tarde e de noite, é o clímax e a conclusão do reino do Senhor.
Eis aí uma triste derrota!
Se este é o reino Messiânico em toda a sua grandeza, então Cristo está destinado a ser apresentado publicamente como um nobre fracassado.
Os reconstrucionistas nunca se cansam de se referirem aos amilenistas como pessimistas. Eles não hesitam em acusar a igreja em toda a história de ser responsável pelo fracasso de implementar o reino milenial.
Ora, é sobre pessimismo que eles querem falar?
Pois bem. É o reino terrestre pós-milenista – com o pecado, a morte e os ímpios – o melhor que Cristo pode fazer como rei?
Para o amilenista, por ventura, Cristo é uma falha desculpável?
Eu não acredito nem por um momento. O amilenista tem ótimas defesas contra essa indecorosa noção pós-milenista.
O sonho pós-milenial não é o reino Messiânico, muito menos o ápice e o fim disto.
Tampouco seja isto a profecia de Isaías 65:17-25, como nós iremos ver.

continua...

Traduzido por MAC.

Veja também este artigo original em inglês: http://www.prca.org/articles/amillennialism.html#No10

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