quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Isaías 65:17-25... pedra no sapato de quem? - Parte 1

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de David J. Engelsma. Pastor reformado e professor de Antigo Testamento no Protestant Reformed Seminary.

Um texto crucial.


Podemos tomar Isaías 65:17-25 como representante de todas as profecias do Antigo
Testamento em que o pós-milenismo fundamenta sua esperança. Esta é a passagem que começa com a promessa do Deus Jeová de criar "novos céus e nova terra" (v. 17). O versículo 20 declara que, neste novo mundo:
"Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; porém o pecador de cem anos será amaldiçoado."
Os versículos 21-23 profetizam um futuro pacífico, próspero e proveitoso para os eleitos e os seus descendentes. A passagem termina estendendo a paz da nova criação para o mundo animal:
"O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi...."
Eu escolhi esta passagem intencionalmente. Os pós-milenistas recorrem a este texto como sendo o mais forte apoio de sua doutrina de uma vindoura era de ouro, e como a mais clara refutação do amilenismo. O argumento é que a passagem prediz uma criação renovada em que ainda haverá a morte e o pecado. No mundo dos novos céus e nova terra, uma criança morrerá com cem anos e os pecadores serão amaldiçoados. Logo, eles dizem, esse não pode ser o caso da nova criação depois da volta de Jesus, mas que é a verdade referente a era de ouro do pós-milenismo.
O pós-milenista e reconstrucionista Gary North assegura a seus leitores que:

"Esta detalhada e, obviamente, literal profecia, acima de todas as outras passagens da Bíblia, resulta em grandes problemas para os amilenistas, que negam a vinda de qualquer período literal de bênçãos em todo o mundo" (Unconditional Surrender: God's Program for Victory, Institute for Christian Economics, 1988, p. 145).
Kenneth L. Gentry Jr. chama Isaías 65 de:
"a principal passagem estabelecendo a concepção espiritual da mudança operada por Cristo na história."
O leitor desavisado não deve ser enganado pelas palavras “a concepção espiritual". Gentry não tem em mente as bênçãos espirituais como significando o perdão dos pecados. Gentry entende Isaías 65 como sendo um promissor...
... "período sem precedentes, literal (leia-se: física, carnal) de bênçãos para a humanidade antes da ressurreição".
Com um curioso desprezo pelo programa escatológico que ele mesmo sugere, Gentry diz que Isaías 65...
... "não representa qualquer problema para o pós-milenista, nem para o pré-milenista".
Ora, ambos (pós e pré-milenismo) esperam e desejam um reino carnal na história, recheado com "guloseimas" materiais. Mas, eles dizem, a passagem é, no entanto, uma nítida pedra no sapato para o amilenista. Enfatizam que este é talvez o maior e único problema exegético que o amilenismo enfrenta, razão pela qual raramente amilenistas comentam sobre a passagem em questão, e quando tentam, suas explicações não fazem muito sentido (He Shall Have Dominion: A Post-millennial Eschatology, Institute for Christian Economics, 1992, pp. 360-365).

continua...


Traduzido por MAC.


Veja também este artigo original em inglês: http://www.prca.org/articles/amillennialism.html#No08

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