sexta-feira, 13 de maio de 2011

Avaliando o Pré-milenismo - Parte 1

Importante: O texto a seguir é de autoria de Cornelis P. Venema, Deão e professor de Estudos Doutrinários no Seminário Reformado Mid-America em Dyer, Indiana. É Doutor pelo Seminário Teológico de Princeton e pastor da Igreja Reformada Cristã.

O problema com o pré-milenismo.

A característica comum de todo o ensino pré-milenista é a alegação de que o retorno de Cristo no final dos tempos terá lugar antes do período conhecido como milênio. Sejam quais forem as diferenças entre o pré-milenismo histórico e o dispensacionalista - e elas são consideráveis - esse ensinamento lhes é comum. Ainda que uma série de argumentos são oferecidos para um retorno pré-milenial de Cristo, duas passagens bíblicas são freqüentemente citadas para suportar o mesmo. Estas são 1ª Coríntios 15:23-26 e Apocalipse 20:1-6. Esta última é a passagem mais importante porque sem o seu ensino alguns pré-milenistas reconhecem que 1ª Coríntios 15:23-26 não poderia, obviamente, sugerir um retorno de Cristo antes do milênio. [01]
Como vamos tratar Apocalipse 20:1-6 em mais detalhes no próximo capítulo, nossa avaliação se restringirá aqui a duas questões. Primeiro, vamos considerar o que pode ser denominado de "analogia geral" das Escrituras sobre o retorno de Cristo no fim dos tempos. Em segundo, iremos avaliar o uso de 1ª Co 15:23-26, mostrando que esta passagem não apóia a posição pré-milenista.

1 - O Ensino Geral das Escrituras.

Quando começamos a avaliar, uma questão que vale a pena ser levantada é saber se alguém poderia argumentar a favor de um retorno pré-milenial de Cristo, se não fosse pelo suposto ensino das duas passagens que acabamos de mencionar. A Bíblia apóia esta posição em algum outro lugar? Esta questão conduz ao tema da analogia geral das Escrituras com respeito ao retorno de Cristo. É uma regra de ouro comumente reconhecida para a interpretação, de que a analogia geral das Escrituras tem um peso determinante maior do que o ensino de uma ou duas passagens bíblicas obscuras ou difíceis de interpretar. Louis Berkhof, por exemplo, em seu livro Princípios de Interpretação Bíblica, descreve a analogia geral das Escrituras como qualquer ensinamento que "não descansa sobre as declarações explícitas da Bíblia, mas sobre o intento óbvio e sentido de seus ensinamentos como um todo..." [02] Uma analogia geral ou ensino das Escrituras é confirmada e fortalecida quando é apoiada por uma variedade de textos em toda a Bíblia. Além disso, quando o ensino geral das Escrituras é aparentemente contraditório em relação a um texto bíblico relativamente mais obscuro, é adequado interpretar essa passagem mais obscura à luz da analogia geral das Escrituras. [03]
Agora, é notável observar que a apresentação usual do retorno de Cristo nas Escrituras, em várias passagens diferentes, é que ele é um evento consumado no fim dos tempos. Uma série de características do ensino bíblico sobre o retorno de Cristo confirma esse padrão geral:

a) A vinda de Cristo será um evento visível e público, que trará a salvação do povo de Deus e a realização do reino de Deus em plenitude (Mt 24:27,33; Lc 17:24, 21:27-28,31).
Quando Cristo é revelado do céu, Ele traz descanso imediato e simultâneo para a Sua igreja sitiada e punição eterna sobre os incrédulos e impenitentes (2ª Ts 1:6-10).
b) Nas descrições do Novo Testamento da expectativa do crente para o futuro, o pensamento comum é o foco no retorno de Cristo como o evento que traz a plenitude da salvação, além de que não há qualquer evento posterior que poderá superá-lo no significado da redenção (cf. 1ª Co 1:7,8; Fp 1:6-10; 1ª Jo 2:28; 1ª Tm 4:8; 2ª Tm 4:1). O ensino pré-milenista de que o retorno de Cristo introduzirá um período milenar, cuja a conclusão será marcada por uma nova revolta e manifestação da oposição satânica à Cristo e Seu povo (o "pouco tempo" de Satanás de Apocalipse 20:3), dificilmente se encaixa nesse foco e expectativa.
c) Quando Cristo voltar, um arrebatamento de vivos e mortos levará à ressurreição e transformação de todos os crentes e à comunhão ininterrupta e imperturbável com o Senhor daquele dia em diante (1ª Ts 4:13-18). Embora retornaremos a esta passagem e ao tema do arrebatamento na próxima seção deste capítulo, esta comunhão com o Senhor, como é descrito nesta passagem, não se encaixa na concepção do milênio e o "pouco tempo" de Satanás que caracteriza o ponto de vista pré-milenista.
d) Ao invés de ensinar que o retorno de Cristo trará uma fase provisória do reino de Deus - o milênio, que por si só será superado no estado final do reino de Deus -, o Novo Testamento ensina que o retorno de Cristo irá introduzir o estado final dos novos céus e uma nova terra (2ª Pe 3:13; Rm 8:17-25).
e) Finalmente, a ressurreição dos justos e injustos acontecerá ao mesmo tempo (Dn 12:2; Jo 5:28,29; At 24:14,15; Ap 20:11-15). Na concepção pré-milenista do retorno de Cristo, a ressurreição dos santos é comumente distinguida e separada no tempo - por pelo menos mil anos! - da ressurreição dos incrédulos. No entanto, o Novo Testamento diz que a ressurreição dos crentes ocorre no "último dia" (Jo 6:40; 1ª Ts 4:16; Fp 3:20,21; 1ª Co 15:23), o dia que marca o final da presente era e a introdução da era (final) por vir.

Quando consideradas em conjunto, o efeito cumulativo desses recursos do ensino bíblico é a confirmação de que quando Cristo retornar, Sua vinda vai concluir a história em que agora vivemos e introduzirá o estado final. O testemunho geral do Novo Testamento está em conformidade com a leitura natural do Credo dos Apóstolos, quando ele descreve o retorno de Cristo "para julgar os vivos e os mortos". Este julgamento, presumivelmente, preparará o caminho para a "ressurreição do corpo e a vida eterna", dando início ao estado final. A menos que uma clara e convincente evidência de um ou mais textos bíblicos apóie a visão pré-milenista, parece que devemos seguir a regra de que o ensino geral das Escrituras tem mais peso do que um único texto, especialmente quando o ensino do texto não é claro e indiscutível.

2 - O Ensino de 1ª Coríntios 15:23-26.

George Eldon Ladd, um hábil defensor do pré-milenismo, argumentou que 1ª Coríntios 15:20-28, especialmente os versos 23-26, ensina três estágios no desdobramento da história redentiva, que inclui um período transitório que é equivalente ao milênio de Apocalipse 20:1-6. Embora esta passagem não fale expressamente de um milênio, ao menos corrobora, de acordo com Ladd, com a seqüência de eventos claramente estabelecidas em Apocalipse 20. Ele resume sua posição da seguinte maneira:
"Existe... uma passagem de Paulo que pode se referir a um reino intermediário, se não a um milênio. Em 1ª Coríntios 15:23-26 Paulo retrata o triunfo do reino de Cristo como sendo realizado em vários estágios. A ressurreição de Cristo é o primeiro estágio (tagma). O segundo estágio ocorrerá na parousia, quando aqueles que são de Cristo compartilharão da Sua ressurreição. 'Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.' Os advérbios traduzidos por 'então' são epeita, eita, que denotam uma seqüência: 'depois disso'. Existem três fases distintas: a ressurreição de Jesus; depois disso (epeita) a ressurreição dos crentes; depois disso (eita) o fim (telos). Um intervalo não identificado cai entre a ressurreição de Cristo e Sua parousia, e um segundo intervalo indefinido cai entre a parousia e o telos, quando Cristo completa a sujeição de seus inimigos." [04]
O argumento de Ladd é que, embora essa passagem não possa falar explicitamente de um período milenar, ela permite um período intermediário entre o tempo da vinda de Cristo e a ressurreição dos santos, e o tempo em que Cristo sujeitará todos os Seus inimigos no final da era. Este período intermediário é o milênio de Apocalipse 20.
Ainda que o argumento de Ladd possa ser defendido sobre bases estritamente gramaticais, de que os advérbios "então... e depois" usados pelo Apóstolo Paulo possam expressar uma seqüência em que um período de tempo poderia intervir, isso requer uma leitura não natural da passagem por várias razões.
Em primeiro lugar, em todos os outros casos do Novo Testamento, onde as palavras usadas nesta passagem (epeita, eita) são encontradas, elas são usadas para expressar eventos em uma conexão temporal mais estreita, sem qualquer período intermediário de tempo prolongado (Lc 8:12; Mc 4:17; Jo 20:27). No contexto imediato de 1ª Coríntios 15:23-26, encontramos os mesmos advérbios usados intercambiavelmente, e nesse caso, também, eles expressam uma simples seqüência de eventos (1ª Co 15:5-7). Além disso, o segundo destes dois "e depois" é usado apenas em 1ª Tessalonicenses 4:17 para expressar uma seqüência imediata de acontecimentos. Se o contexto e uso comum exercem uma influência sobre a interpretação de um texto, então parece evidente que essas palavras deveriam ser lidas como expressando uma simples seqüência de eventos - quando o Senhor retornar, os mortos em Cristo serão ressuscitados e o estado final seguirá com todas as coisas sujeitas à Ele.
Segundo, o Novo Testamento em geral e particularmente as epístolas de Paulo, mostram uma estreita ligação entre a "vinda" (parousia) de Cristo e o "fim" (telos). No entanto, conforme Ladd e a construção pré-milenista desta passagem, os termos em 1ª Coríntios 15:23-26 referem-se a eventos distintos, separados por um período de mil anos. Em 1ª Coríntios 1:7,8, o Apóstolo Paulo fala da "revelação" e "dia" do Senhor como o fim para o qual os crentes esperam e serão preservados irrepreensíveis. Quando Cristo se manifestar virá o fim, e acabará a necessidade do crente de perseverar na esperança (cf. 2ª Co 1:13,14; Mt 10:22, 24:6,13-14; Mc 13:7-13; Lc 21:9; Hb 3:6-14, 6:11; 1ª Pe 4:7). Assim, tratar a "vinda" de Cristo e o "fim" em 1ª Coríntios 15:23-26 como eventos que estão intimamente ligados, ou até mesmo unidos, está em conformidade com padrão comum encontrado no Novo Testamento. Este padrão é quebrado pela visão de Ladd.
E terceiro, a vitória do crente sobre a morte é dita em 1ª Coríntios 15:54,55 como ocorrendo quando receberem seus corpos ressurretos. Isso coincide com o que é dito em 1ª Coríntios 15:23-26 como acontecendo em conjunto com a "vinda" de Cristo e o "fim", quando a morte - o último inimigo - será vencida. A leitura mais simples e óbvia destes versos em seu contexto é que quando Cristo vier e os crentes participarem de Sua ressurreição, este evento coincidirá - ou introduzirá - o "fim", circunstância esta em que a morte será tragada pela vitória.
Em suma, apesar de a leitura de Ladd dessa passagem ser gramaticalmente possível, há boas e poderosas razões para concluir que é contextualmente e comparativamente mais improvável. Quando o texto de 1ª Coríntios 15:23-26 é lido no seu contexto imediato e no contexto mais remoto do ensinamento do Novo Testamento em geral, corrobora com o padrão anteriormente denominado pela analogia geral das Escrituras:
Quando Cristo vier, no final dos tempos, isso marcará o encerramento da história da redenção e dará início (com a ressurreição dos justos e injustos, o julgamento dos vivos e dos mortos, etc.) ao estado final.
Com a possível exceção de Apocalipse 20:1-6, as Escrituras não contêm qualquer evidência clara para um entendimento pré-milenista do retorno de Cristo.

continua...

Traduzido por Mac.

Veja também este artigo original em inglês: http://www.the-highway.com/premil1_Venema.html

[01] Por exemplo, George Eldon Ladd, "Pré-milenismo Histórico", em Milênio: Significado e Interpretações, por Robert G. Clouse, p. 38. Diferente de muitos pré-milenistas dispensacionalistas que encontram a doutrina do milênio em muitas passagens bíblicas, Ladd reconhece que somente Apocalipse 20:1-6 ensina um período "milenar". Ele admite que 1ª Coríntios 15:23-26 confirma uma posição pré-milenista somente quando esta posição já foi estabelecida a partir do "claro" ensinamento de Apocalipse 20:1-6.
[02] Grand Rapids: Baker, 1950.
[03] É interessante observar que Berkhof cita Apocalipse 20:1-4 como um exemplo de uma passagem relativamente obscura, que não pode ser utilizada para infringir o ensino claro das Escrituras sobre todo o tema do retorno de Cristo (Princípios, p. 166). Só porque a maioria dos pré-milenistas acreditam que o ensino de Apocalipse 20:1-6 é simples e claro no suporte de sua posição, eles insistem que Berkhof aplicou incorretamente essa regra de interpretação nesse caso em particular. Em tal abordagem, o ensinamento destas passagens que falam do retorno de Cristo deve ser entendido à luz do claro ensinamento pré-milenista de Apocalipse 20:1-6.
[04] Ladd, "Pré-milenismo Histórico", em Milênio: Significado e Interpretações, por Robert G. Clouse, p. 39.

5 comentários:

  1. Mac, parabéns pelo novo visual do blog, tá muito bonito mesmo. Já considerava este o melhor lugar na net, pelo menos na língua Portuguesa, em se tratando de escatologia.

    Os argumentos apresentados pelo Dr. Venema são fortes. O NT parece trazer a eternidade com o retorno de Cristo.

    Com relação a ausência de uma descrição de um futuro reino milenar nas Escrituras, senão Ap 20, não é tão certo assim. Ao menos em caráter de possibilidade há passagens no AT que tratariam dessa época, como Zacarias 14. Digo que não é de forma clara, mas existe essa possiblidade.

    Por fim, em se tratando de Ap 20, tb existe a possibilidade da interpretação amilenista não ser viável. O aprisionamento de Satanás juntamente com o martírio dos santos pelo anticristo dentro do milênio aparentemente contradizem os relatos de Ap 12 e 13, onde o dragão está bem atuante e furioso, sabendo que o tempo é curto, e quem está no céu lança um suspiro por quem está na terra, porque a "fera" está solta. Adiante é mencionado que a besta, ao guerrear e vencer os santos, está enganando o mundo inteiro, pois todos os povos estão prestando adoração a ela. Para o amilenismo, este relato necessariamente deve estar contido no milênio, pois são estes mártires que reinam com Cristo por 1000 anos. Ficaria difícil conciliar este relato com Satanás aprisionado.

    Tenho certeza que vc tem uma resposta para isso, escrevi principalmente pelos parabéns...(tb seria interessante ver o que vc tem a dizer).

    Abraço.

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  2. Graça e paz Edson, meu irmão.

    Bem, eu não sou o google da escatologia, mas tenho algumas alternativas para as suas colocações, hehe.

    Quando leio passagens veladas como essa de Zacarias, tenho em mente duas possibilidades. Ou a passagem pode estar falando do estado eterno (não creio que esse seja o caso aqui), ou está falando do tempo da primeira vinda de Cristo, a era da Igreja.
    Os profetas veterotestamentários, penso eu, possuiam uma esperença escatológica, e esta era focada praticamente o tempo todo na - primeira - vinda do Messias. Aliando isso ao contexto anterior de Zacarias 14 - capítulos 13 e 12 - acho que a balança pende mais para o amilenismo do que para o pré-milenismo.
    Uma outra possibilidade - ainda dentro da era da Igreja - é que Zc 14 esteja descrevendo, ainda que em linguagem velada, o tempo do fim, ou seja, o tempo em que o Senhor consumará todas as coisas, e isso não necessariamente remete a um milênio terrestre pós segunda vinda.

    Sobre Ap 20, depende pelo que você entende como sendo o "aprisionamento de Satanás". Nesse caso, o vs. 3 diz que o aprisionamento dele é "para que não mais engane as nações". Ou seja, foi lhe imposto uma restrição, mas não uma total supressão de atuação.
    Sim, é verdade que o Diabo, o deus deste século, ainda engana as nações e há muitos que ainda jazem em trevas, mas Cristo, pelo poder da Sua obra, amarrou o valente e possibilitou o evangelho tirar as nações dessa mesma cegueira. A questão não é tanto quantitativa, mas qualitativa, uma vez que no AT somente Israel era o modus operandi de Deus, e Satanás tinha uma área maior de atuação, diferente de agora, com a igreja em todos os lugares - porém, com muitas almas perecendo em ambas as cituações.
    Ainda, Ap 12 focaliza mais um contexto de perseguição, e Ap 20 enfatiza mais um contexto de julgamento.
    Hendriksen diz o seguinte:

    "Isso nos leva a seção final, capítulos 20-22, pois Apocalipse 20:1 definitivamente começa com uma nova seção e introduz um novo assunto. [2] Esse novo assunto é a condenação do diabo. Uma comparação, sobretudo, com o capítulo 12 revela o fato de que, ao início do capítulo 20, estamos mais uma vez no limiar de nova dispensação. Enquanto em 12:9 nos é dito que, em conexão com a ascensão e a coroação de Cristo, o diabo é lançado à terra, aqui em 20:2,3, lemos que ele é preso por mil anos, sendo depois lançado no abismo. Os mil anos são seguidos por um tempo curto durante o qual Satanás é solto de sua prisão (20:7). Isso, por sua vez, é seguido da descrição da derrota final de Satanás em conexão com a vinda de Cristo para julgamento (20:10,11ss.). Nessa vinda, o presente universo, passando, deixa lugar para os novos céus e a nova terra, a nova Jerusalém (20:11ss.)."

    Espero ter ajudado Edson :)

    Abração.

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  3. Mac,no momento, tem sido difícil conciliar os capítulos 12, 13 e 20 de Apocalipse dentro da leitura amilenista. Reconheço tb que há dificuldade de sustentar o pré-milenismo com base em Mt 24 e 25, 2Pe 3, 2Ts 1 e 1Co 15. O negócio é ver qual posição tem seu problema insolúcionável e escolher a outra, heheh.

    Continue alimentando o blog com os, sempre, excelentes artigos, pois sou fã de carteirinha.

    Grande abraço.

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  4. Srs,
    Salvo erro, o reinado dos santos ocorre em vida, pela força e poder do Espírito Santo, O qual é derramado nos justos quando se convertem e passam pelas águas do batismo (a regeneração).

    A partir de então, pelo poder de Deus, o justo é transformado em REI e SACERDOTE, passando não só a reinar com Cristo sobre o pecado, como a julgar o mundo, pelas suas obras e testemunho (resistindo ao diabo).

    Porém chegará um momento em que o Espírito de Deus será retirado para que possam ser concretizados os planos de Deus, especificados em apocalipse. Ou seja, assim como o Senhor Deus afastou-se do Senhor Jesus na cruz, para que o sacrifício pudesse ter sido levado a efeito, na consumação de todas as coisas também o Espírito de Deus será retirado para que seja revelado o iníquo, o qual será aniquilado pelo esplendor da vinda de Cristo.

    Dessa forma, é possível adequar Ap 20 com os demais pontos das Escrituras, pois assim como Cristo passou aflições e era o próprio Reino de Deus em pessoa, os justos também passam as mesmas aflições, para cumprir o resto do vitupério de Cristo pela Sua igreja, conforme asseguram as Escrituras. Não há contradição alguma.

    O justo já desfruta da verdadeira PAZ, não como a do mundo, mas uma paz interior e inexplicável para aquele que não entende as coisas de Deus, mesmo sofrendo as tentações presentes ("tendes grande gozo quando sofrerem várias tentações"). Parece ser incoerente, mas quem foi convertido pelo Senhor sabe muito bem o que isso significa o prazer de vencer o pecado que outrora o dominava, apesar de que todos aqueles que amam a vinda de Cristo desejam deixar este corpo para habitar definitivamente com o Senhor (o que é muito melhor).

    Muitos defendem a tese de que os justos já estão reinando no céu com Cristo, enquanto os demais estão sofrendo as perseguições e tentações aqui na terra, baseando-se na parábola do rico e do Lázaro. Todavia, o livro de Ec 9 nos assegura que, na morte, há completa inconsciência, conferindo com os ditos do Senhor quanto ao SONO da morte.

    As parábolas trazem ideias centrais, as quais devem ser unicamente consideradas, pois consiste em um perigo formular doutrinas baseadas nos detalhes literais das mesmas. Ou seja, quando o Senhor fala, por exemplo, que se a nossa mão nos escandalizar, devemos cortá-la fora, isso não deve ser levado ao pé da letra, fato que já foi noticiado algumas vezes, levados a efeito por pessoas indoutas ou que foram erroneamente ensinadas.

    Salvo erro, a doutrina da imortalidade da alma é algo que teve origem no Jardim do Éden, quando o diabo disse a Eva: "certamente não morrereis".

    O ideia central da parábola supracitada é do prêmio para quem viver regaladamente para com as coisas do mundo e deixar as coisas de Deus para segundo plano, ignorando, inclusive, que um morto já ressuscitou, Jesus Cristo, para nos contar a verdade e nos livrar da condenação final, a qual será terrível e eterna, conforme nos revela tal parábola.

    Os justos já estão assentados sobre tronos? Claro que sim, pois as escrituras falam que quem crer e for batizado já está assentado em lugares celestiais em Cristo Jesus, O qual os guia pelo Seu santo e bom Espírito, por isso Lhe pertencem toda a glória, honra e louvor.

    Os judeus não são o ponto central das Escrituras, como muitos pensam, mas Cristo o é, cujo corpo é a IGREJA, Sua esposa amada. Ainda que, no fim, haja lamentação dos judeus por causa daquele que eles traspassaram na cruz, conforme Zacarias 12, aquele que receber a marca da besta não terá lugar de arrependimento e salvação e possivelmente milhões de judeus acatarão as determinações do anticristo (o falso cristo), recebendo o sinal eternamente condenatório.

    A perseguição final se dará contra a esposa do Cordeiro, a qual de forma alguma concordará com as normas estabelecidas pelo anticristo, o falso cristo judeu do fim dos tempos.

    Obrigado.

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