quinta-feira, 9 de setembro de 2010

CAPÍTULO IX - A segunda vinda no ensino dos primeiros apóstolos

...continuação.

Importante
: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).


Os Atos dos Apóstolos - No Livro de Atos, encontramos várias referências à volta do Senhor; na ascensão, descrita no capítulo l, os discípulos O fitavam, enquanto subia, "como que levando consigo os seus olhos e corações" para o Céu. Anjos lhes asseguraram que havia de vir assim como para o céu O tinham visto ir, isto é, em pessoa e em forma visível.

No capítulo 3:21, Pedro fala de Cristo:
"O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo."
A expressão "tudo" não significa "tudo", no sentido absoluto, pois a Bíblia não ensina universalismo. O Filho de Deus, que encarnou, mas agora está glorificado no céu, ali deve ficar, diz este versículo, até que seja restabelecida toda a ordem possível e restaurada a comunhão com a Divindade de todos os que para isso Ele designou (ver o livro "Comentário de Atos", escrito pelo Dr. J. A. Alexander). É necessário que Ele continue à mão direita de Deus, pois de lá guia todas as coisas em direção ao glorioso acontecimento, quando se concluirá o plano maravilhoso que está executando. Sua permanência no céu é o meio para a consecução desse plano. Pedro, que aqui está discorrendo acerca da "restauração de todas as coisas", refere-se, sem dúvida, à segunda vinda do Senhor, quando (conforme escreveu no capítulo 3 de sua segunda carta) haverá grandes transformações no mundo, sendo queimados céus e terra, surgindo, então, novos céus e nova terra. Ao voltar, o Senhor fará uma obra completa e, na terra renovada, não haverá pecado e cousa alguma fora do lugar.

Em Atos 10:42, Pedro diz:
"E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos."
Cristo é indicado como o futuro Juiz de toda a humanidade - de todas as gerações - passadas, presentes e futuras.

No capítulo 17:30, 31, Paulo afirma:
"Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;
Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos."
O julgamento será um tribunal solene para todo o género humano de uma vez. Não vamos discutir se o dia de juízo será um dia comum de 24 horas. A declaração de Agostinho merece consideração:
"Deus fará que cada homem reviva na memória todas as suas obras - boas ou más - em visão mental, com rapidez maravilhosa" e, assim, "todos serão julgados ao mesmo tempo e, apesar disso, individualmente."
Certamente, os ouvintes de Paulo, quando falou em "um dia" não pensaram querer ele dizer um período de mais de mil anos, com um julgamento no início e outro no fim.

No capítulo 24:15, Paulo assegura que "haverá uma ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos." Uma ressurreição, não duas. Repetimos: o ressurgir dos mortos será geral, total, sem exceção.

Como é natural, o ensino apostólico apresenta, com respeito à segunda vinda do Senhor, o mesmo testemunho dado por Ele próprio. É verdade, conforme diz o Dr. Warfield, que a vinda de Cristo para julgar foi "o centro e a real substância da pregação de Paulo aos gentios."


1ª Carta aos Tessalonicenses
.

A seguir, vamos considerar as cartas de Paulo aos Tessalonicenses. Foram as primeiras por ele escritas, embora não figurem em primeiro lugar, em nossa Bíblia.

1ª Ts 4:13-18 é um trecho muitas vezes citado em apoio do ponto de vista pré-milenista. Na realidade, nada há, nessa passagem, sobre um arrebatamento secreto, pois não pode haver segredo em "alarido, voz do arcanjo e a trombeta de Deus." Mas o que algumas vezes se alega é não se encontrar aí qualquer menção à ressurreição dos ímpios, de onde se depreender que será em época diferente da dos justos. Acontece, no entanto, que Paulo está escrevendo com o intuito de confortar os santos entristecidos pela morte de amigos crentes. Evidentemente, ocorria ali, como na Igreja de Corinto, haver alguns que duvidavam da ressurreição mesmo dos que morriam em Cristo Jesus e, por isso, se entristeciam tanto quanto os pagãos (v. 13). Devemos ter na lembrança que essa comunidade, ainda muito nova, tinha acabado de emergir do paganismo. Paulo escreve a fim de a tranquilizar.

"Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança.
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele.
Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.
Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras."
Quando Paulo diz: "os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro", a palavra "primeiro" expressa precedência, não com respeito aos ímpios, mas aos santos que ainda estiverem vivos. Ele está asseverando aos crentes de Tessalônica que os santos mortos, ao chegarem à presença do Senhor, quando Ele vier, não ficarão um instante sequer atrás dos que estiverem vivos. Não está Paulo, absolutamente, pensando nos ímpios, quando escreve tais versículos. Repitamos: seu objetivo é confortar os crentes acabrunhados pela partida de seus queridos, embora mortos em Cristo. Daí ser perfeitamente natural o silêncio com relação aos ímpios.
Silencia, de todo, entretanto, o apóstolo com respeito ao destino dos ímpios? Leia-se a passagem imediatamente a seguir: 1ª Ts 5:1-11. Trata do mesmo assunto de 1ª Ts 4:13-18. O quinto capítulo está intimamente ligado ao anterior. Principia com a palavra "Mas". O quarto capítulo responde à pergunta: Que acontecerá aos nossos amados que morreram no Senhor, quando Ele vier? O quinto trata da pergunta: Quando terá lugar o grande evento? A maior parte dos pré-milenistas tenta mudar o tema do capítulo 5, porque faz distinção entre "o dia do Senhor" e o da Sua vinda para os Seus. Já vimos, neste trabalho, não ser possível estabelecer tal distinção. Claro que essa passagem não lhe oferece qualquer base. Está perfeitamente ligada à precedente:

"Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva;
Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;
Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobre-virá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.
Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão." (1ª Ts 5:1-4)
Aqui desmorona completamente a concepção pré-milenista de que os santos são arrebatados vários anos antes do dia do Senhor. O verso 4 diz que os santos também serão atingidos naquele dia, porém ele não os apanhará de surpresa, despreparados, como um ladrão tenta fazer.
Além disso, o capítulo 5 de 1ª Tessalonicenses demonstra que o dia da segunda vinda do Senhor traz condenação para os ímpios. Paulo associa a essa vinda tanto a ressurreição e glorificação dos santos como a repentina destruição dos ímpios. Sem a menor sombra de dúvida, "aquele dia" abrangerá todos: salvos e não salvos. Os crentes devem aguardá-lo (1ª Ts 5:4-10), pois então lhes será concedida salvação em toda a sua plenitude (v. 9). Passarão a viver com Ele (v. 10), ao passo que aquele mesmo dia trará fim à falsa segurança dos não crentes, em "súbita destruição."


2ª Tessalonicenses
.

O objetivo do 1º capítulo desta carta é, ainda, confortar. Neste caso, o conforto se faz necessário por causa de perseguições e tribulações. Paulo insiste em que os sofrimentos dos Tessalonicenses constituíam uma prova do favor de Deus, que demonstrava considerá-los dignos do reino.
"Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,
E a vós, que sois atribulados, descanso conosco [...]"
(2ª Ts 1:6,7)
Quando dará Ele, em paga tribulação a uns e descanso a outros? O apóstolo responde prontamente:
"[...] quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus [...]"

Será a sentença executada sobre justos e ímpios ao mesmo tempo? De novo responde o apóstolo: Sim, pois continua:
"[...] dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;
Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, [...]"

Quando? Ele dá a resposta:
"Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem." (v. 10)
Podemos observar que, quando vier para a libertação dos Seus santos atribulados, o Senhor o fará como "labareda de fogo". Não se fala em arrebatamento secreto aqui! Mais importante, ainda, é notar como estão entrelaçados a recompensa dos justos e o castigo dos ímpios no tocante ao tempo, ambos ocorrendo imediatamente ao vir o Senhor. Esta passagem deveria bastar para esclarecer perfeitamente que não haverá um arrebatamento oculto para, decorridos vários anos, sobrevir o aparecimento do Senhor, em toda a Sua glória, ao mundo. Fica, também, totalmente esclarecido: uma vez que a vinda do Senhor traz aos ímpios "eterna destruição", sendo eles "banidos da face do Senhor" (v. 9), nenhum ímpio sobreviverá à Sua vinda. Não haverá, portanto, iníquos para serem governados depois, durante mil anos. Mas, de acordo com os pré-milenistas, deverão, ainda, existir sobreviventes ímpios. E até no fim do milênio haverá deles, numerosos como as areias do mar - segundo a interpretação que dão ao v. 8 do capítulo 20 do Apocalipse. Esta passagem em 2ª Tessalonicenses deveria fixar definitivamente o fato de não haver duas ressurreições separadas por mil anos: a primeira, dos justos, que receberão bem-aventurança e recompensa e a segunda, dos injustos, que experimentarão Sua ira e vingança. Está absolutamente claro que se descreve apenas um grande acontecimento final. É de um evento que se fala, acompanhado de descanso para o povo de Deus e de sofrimento para Seus inimigos. Está patente que o apóstolo trata da ressurreição geral e do julgamento final como ocorrendo no momento da vinda do Senhor. Se Paulo estivesse escrevendo com o definido objetivo de combater a idéia de um julgamento em etapas, dificilmente o poderia ter feito com maior clareza do que nesta passagem.

continua...

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