sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Israel de Deus em Romanos 11 - Parte 3

...continuação.

Importante
: O texto a seguir é de autoria de O. Palmer Robertson, doutor em teologia pelo Union Theological Seminary, em Virgínia, EUA. Também é professor de Teologia e de Antigo Testamento.


Romanos 11:17-24


Essa passagem, com a referência ao enxerto de Israel, é comumente interpretada como se referindo a um futuro distinto para o Israel étnico. Presume-se que a figura de linguagem do novo enxerto necessariamente implique a inclusão maciça de um tempo futuro quando Deus tratará especialmente de Israel.
Entretanto, a argumentação de Paulo compara especificamente a experiência dos crentes israelitas com a dos crentes gentios contemporâneos . Os gentios estão sendo “enxertados” no povo de Deus para receber as bênçãos da redenção por crerem (v. 20). O enxerto acontece quando eles praticam a fé.
O que acontece ao povo judeu, antes descrente, que crê? Ao sentir o ciúme provocado pelo ministério do apóstolo, qual é o relacionamento dele com o verdadeiro inventário de Deus?
Não há nada na imagem do novo enxerto que sugira um atraso na incorporação do israelita crente. Cada judeu que crê torna-se parte das bênçãos da oliveira. O ministério atual do evangelho é o catalisador para a salvação de judeus exatamente da mesma maneira que o é para a de gentios. O principal ponto do argumento do apóstolo sobre o processo do enxerto é que os judeus experimentam a salvação e a incorporação no povo de Deus precisamente da mesma maneira que os gentios. Nada nessa imagem de enxerto comunica a idéia de uma inclusão distinta e maciça dos judeus em algum momento no futuro.
“Irmãos, não quero que ignorem este mistério, para que não se tornem presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo.” (Rm 11:25,26a)
Esses versículos são a principal razão da controvérsia. Eles se apoiam no argumento que defende um futuro distinto para o Israel étnico. Três aspectos dessa passagem deveriam ser observados em particular:

1 - “Israel experimentou um endurecimento em parte” (v. 25). A expressão “em parte” (apo merous) costuma ser interpretada como tendo significado temporal. A passagem, portanto, ficaria: “Israel experimentou um endurecimento por algum tempo”. Mas essa interpretação não tem muito apoio. É improvável que a expressão tenha significado temporal em qualquer parte do Novo Testamento. [04] A expressão declara que um “endurecimento parcial” aconteceu a Israel ou que “parte de Israel” foi endurecida. Qualquer desses dois entendimentos é congruente com a discussão anterior de Paulo referente a um remanescente de Israel que será salvo. O apóstolo provavelmente, está dizendo que uma parte de Israel foi endurecida. Mas, seja como for, “em parte” não tem significado temporal. Essa expressão não fornece base exegética para a idéia de que Deus pretende iniciar a atividade de salvamento especial em Israel em algum momento no futuro.

2 - “Experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios” (v. 25). Inicialmente, pode parecer que a palavra “até” (achris hou) implica que o endurecimento de Israel acabará depois que a plenitude dos gentios esteja concluída. [05] Entretanto, o significado de “até” em Romanos 11:25 tem sido erroneamente avaliado. Na verdade, o termo sozinho não pode definir a questão de um futuro distinto para o Israel étnico.
Para confirmar esse entendimento devemos considerar a natureza de “endurecimento”. Paulo, antes nesse capítulo, usa a terminologia de endurecimento. Ele afirma que os eleitos em Israel obtiveram a salvação, mas que os outros “foram endurecidos” (v. 7). Modificando a fraseologia de sua citação corroborante do Antigo Testamento, o apóstolo ressalta a soberania divina nesse endurecimento. Paulo, em vez de manter a forma negativa de asserção em Deuteronômio para concluir que Deus não deu a Israel mente que entenda, olhos que vejam e ouvidos que ouçam (Dt 29:4), Paulo transforma a sentença numa afirmativa: “Deus lhes deu um espírito de atordoamento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir” (Rm 11:8).
Endurecimento nesse versículo anterior, em Romanos 11, está claramente ligado à soberania de Deus de eleger alguns em Israel. Aqueles que não são escolhidos são endurecidos por Deus.
Em João 12:40, é encontrada a mesma terminologia de endurecimento, que explica por que os judeus não crêem na mensagem de Jesus:
“Por esta razão eles não podiam crer, porque, como disse Isaías noutro lugar: 'Cegou os seus olhos e endureceu-lhes o coração'.” (v. 39,40)
Outras passagens do Novo Testamento usando a terminologia do endurecimento podem referir-se tanto aos homens que endurecem seus corações no pecado como a Deus que endurece seus corações (v. 2Co 3:14; Mc 3:5; 6:52; 8:17; Ef 4:18). Conforme a narrativa em Êxodo, a situação é semelhante para o endurecimento do coração do faraó, que o atribui às vezes a Deus e às vezes ao próprio faraó.
Seja como for, de acordo com Romanos 11, o “endurecimento” que acontece com parte de Israel está totalmente de acordo com a realização histórica do princípio da eleição e reprovação. O endurecimento refere-se não apenas à condição de coração endurecido dos israelitas, mas ao próprio ministério da eleição. Deus, na sabedoria de sua graça, de todo o povo que morreu pelo pecado, elegeu alguns para a vida eterna, enquanto o restante foi endurecido.
Como o endurecimento sempre fez parte da obra de salvação de Deus, é aconselhável parar antes de afirmar precipitadamente que ele cessará. É bom notar que Romanos 11:25 não faz, de fato, essa afirmação. O texto não diz: “O endurecimento cessará em Israel”. Certamente, o texto não está declarando que o princípio da abrangência da eleição de Deus de alguns e endurecimento de outros, um dia, não terá aplicação em Israel.
O texto, na verdade, afirma uma continuação do endurecimento dentro de Israel durante a era presente. Os decretos de Deus de eleição e reprovação continuam a operar sozinhos na história. Como foi feita uma distinção de soberania entre os irmãos Jacó e Esaú, em toda a era presente o endurecimento continuará.
Mas, e quanto ao futuro? O apóstolo não diz explicitamente que o endurecimento continuará “até” um certo ponto no tempo? Essa asserção não implica um fim do endurecimento? A resposta a essas perguntas cruciais esta na extensão da força da palavra “até” em Romanos 11:25.
A expressão interpretada como “até” (achris hou) é basicamente conclusiva. Mas especificamente, ela indica o terminus ad quem, e não o terminus a quo. A expressão levanta as questões “até” um certo ponto ou “até” que uma certa meta seja alcançada. Em si, ela não determina a situação depois do término. As circunstâncias posteriores podem ser conhecidas somente pelo contexto. A importância desse ponto fica evidente quando a natureza do término é analisada com mais cuidado.
Em muitos casos, o término indicado por achris hou tem um aspecto conclusivo, que torna irrelevante as questões sobre reversão das circunstâncias que anteriormente prevaleciam. Isso é óbvio especialmente em casos nos quais há questões de conclusão real ou figurada envolvidas. Por exemplo, Atos 22:4 declara que Paulo perseguiu os cristãos “até” a morte. A questão de “até” não é que a atividade de Paulo de perseguir cessou depois que os cristãos morreram, mas que ele perseguiu os cristãos “até” o último momento, o momento da finalização.
Hebreus 4:12 declara que a espada do Espírito penetra “até” dividir alma e espírito. Novamente, o significado de “até” não é que a penetração cessa e outra condição prevalece a partir desse momento, mas que “até” tem um significado finalizador. A penetração continua tanto quanto possível. Se houvesse a possibilidade de uma penetração maior, o processo continuaria.
O uso de achris hou em contextos escatológicos também ilustra seu caráter essencialmente conclusivo. A expressão leva as ações e condições até o último momento, sem reforçar a reversão das circunstâncias que prevalecem depois.
De acordo com 1Coríntios 11:26, a comunidade cristã é orientada a anunciar a morte do Senhor “até” que ele chegue. A questão não é que chegará um dia em que a ceia do Senhor não será mais celebrada, mas que essa celebração continuará “até” o fim.
Em Mateus 24:38, o povo dos tempos de Noé comeu e bebeu “até” Noé entrar na arca. O ponto dessa asserção não é que chegou um dia em que o povo não comeu nem bebeu mais, mas que continuou a comer e a beber até que seu eschaton chegou.
Em 1Coríntios 15:25, Paulo declara que Cristo deve reinar “até” que todos o seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. A questão não é que um dia virá em que Cristo não reinará mais, mas que ele deve continuar a reinar até o último inimigo ser subjugado. [06]
Da mesma forma, Romanos 11:25 fala de término escatológico. Em toda a era presente, até o retorno final de Cristo, o endurecimento continuará em parte de Israel. Com frequência, “até” é entendido como se marcasse o começo de uma nova situação em relação a Israel. Dificilmente considera-se que seria mais natural interpretar “até” no sentido de alcançar um ponto terminal escatológico. A expressão não sugere um novo começo depois de um término, mas a continuação de uma circunstância até o fim.
Seja qual for o caso, “endurecimento até” não indica, em si, que um período subsequente ao endurecimento parcial do Israel étnico acontecerá. A expressão é comumente interpretada como terminus ad quem. Pelo menos, “endurecimento até”, em si, não denota se Deus tratará, no futuro, do Israel étnico de uma forma nova e distinta.
Com tudo isso em mente, a atenção agora se volta para o escrito crucial de Romanos 11:26. Se não é possível encontrar uma referência clara a um futuro distinto para o Israel étnico no versículo 25, quer na expressão “em parte” que em “endurecimento até”, essa referência só pode ser encontrada na polêmica declaração do versículo 26.

continua...


[04] William F. Arndt e F. Wilbur Gingrich, A Greek-English lexicon of the New Testament and other early Christian literature. Chicago: University of Chicago Press, 1957, p. 507, encontra um significado temporal para a expressão apenas em Rm 15:24, mas mesmo nesse caso é extremamente duvidoso.
[05] Leon Morris, The epistle to the Romans. Grand Rapids: Eerdmans, 1988, p. 420, n. 113, interpreta esse “até” como “até o tempo em que”. Mas sua análise desdobra a palavra além do significado natural da expressão.
[06] Joachim Jeremias, em The eucharistic words of Jesus. New York: Charles Scribner's Sons, 1966, p. 253, faz a seguinte avaliação: “Na verdade, no Novo Testamento, achris hou com o subjuntivo aoristo sem an, normalmente, precede uma referência a alcançar o objetivo escatológico, Rm 11:25; 1Co 15:25; Lc 21:24”.

11 comentários:

  1. Mac

    O comentarista se apega a um detalhe, mas faz uma análise estranha ao sentido geral do texto. Vejamos:

    "Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistéri, para que não sejais presumidos em vós mesmo, que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E assim, todo Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, ele apartará de Jacó as impiedades."

    O objetivo de Paulo é declarado: quer tirar de seus leitores a possibilidade de presunção. Nos versos anteriores Paulo gastou bastante tempo com essa presunção, de forma que sabemos a que se refere: "não te glories contra os ramos (naturais=judeus)". Portanto, o que ele dirá em seguida será um antidoto contra esse tipo de vanglória. Paulo também diz que isso é um mistério, isto é, uma coisa que é desconhecida aos que isso não foi revelado. Não é algo que as pessoas podiam estar vendo.

    qual a análise que Robertson faz? Que o "mistério" seria que o número dos que hão de ser salvos, tanto gentios como judeus, se salvará. Em primeiro lugar, isso não é um mistério, pelo contrario, é uma tautologia. Em segundo lugar, isso não diz nada a respeito da presunção que Paulo quer combater.

    Mas qual poderá ser o místério, a coisa que não era e não é visivel? O texto responde "E assim todo Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quano eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto porém à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de DEus são irrevogaveis. Porque, assim como vós também outrora fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia à vista da desobediência deles, assim também estes agora foram desobobedientes, para que igualmente alcancem misericórdia à vista da que vos foi concedida."

    Lendo o texto de uma vez, algumas coisas saltam aos olhos.

    Primeiro: desobediencia dos judeus está no passado ou presente, e obediencia no futuro.

    Segundo: O verso 28 fala em "eles", o que faz supor que "eles" refere-se a quem foi citado loga antes. Ninguém poderia negar que o "eles" do verso 28 quer dizer os judeus mas, estanhamente, tentam negar que os versos 27 e 28 refiram-se aos mesmos judeus. A interpretação amilienista destrói a unidade do texto, que só tem sentido lido por inteiro.

    Terceiro: Em nenhum lugar do NT os crentes gentios são chamados de Jacó. Até se diz que pertencem, espiritualemente a Israel, e é fácil perceber porque. Israel é o nome que Jacó recebeu em função do ató de fé que praticou. Significa "principe", e os gentios que crêm também se tornam príncipes, isto é, sentam-se espiritualmente no trono de Cristo. Mas Jacó é o nome dado à ele no seu nascimento, isto é, representa sua condição natural. Quando o apóstolo refere-se a Jacó, seus leitores, que nunca ouviram ele referir-se aos crentes gentios dessa forma, são levados a perceber que fala do povo judeu.

    Quanto: A interpreção PRÉ-MILENISTA efetivamente é um mistério pois não é perceptivel, do ponto de vista natural, que os judeus se salvarão em massa, pelo contrário, a maioria deles é ateu ou agnóstico; essa interpretação mantém a unidade do texto, fazendo, como tem de ser, o eles de verso 28 ser o mesmo eles do verso 27, que tem de ser o Jacó do verso 26; essa interpretação destrói definitivamente qualquer vanglória gentia; essa interpretação mantém Jacó como uma referencia ao povo judeu, como sempre é; essa interpretação põe todos os versos do trecho numa seqüencia lógica compreensível; essa interpretação é condizente com "dons e vocação irrevogáveis".

    Em oposição a isso, Robertson, diz que a expressão grega traduzida por até, na Bíblia, é sempre uma proposição conclusiva. Não sou especialista, vou acreditar nele. Mas se eu fosse ele, gostaria de ter argumentos melhores.

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  2. Corrigindo o ponto 2

    "Segundo: O verso 28 fala em "eles", o que faz supor que "eles" refere-se a quem foi citado loga antes. Ninguém poderia negar que o "eles" do verso 28 quer dizer os judeus mas, estanhamente, tentam negar que o verso 26 refira-se aos mesmos judeus. A interpretação amilienista destrói a unidade do texto, que só tem sentido lido por inteiro."

    Desculpe a falha.

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    1. Rapaz,ela é confusa dentro do seu pressuposto, não existe dois povos,por meio de Abraão Deus fez um povo só,justificação é pela fé, galatas 3:7-9,29, efesios 2:13-18. Ou paulo.mentiu, quando diz nem todos de israel são de fato israelita 9:6, ou os judeus vão se salvar por obras,quando o Espírito Santo se retirar? Salvação sempre foi antes da fundação do mundo pra um POVO somente, ou vai haver duas três ressureições? Ai falta biblia

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  3. Renato,

    Fiquei confuso quando você disse o seguinte sobre a análise de Robertson: "Que o "mistério" seria que o número dos que hão de ser salvos, tanto gentios como judeus, se salvará. Em primeiro lugar, isso não é um mistério, pelo contrario, é uma tautologia. Em segundo lugar, isso não diz nada a respeito da presunção que Paulo quer combater."
    Honestamente, não entendi como você conseguiu chegar a essa conclusão.

    Sobre seu primeiro ponto, até concordo que obediência possa estar no "futuro", mas não necessariamente mais de 2000 anos depois que Paulo escreveu a carta aos romanos. É mais provável que o "futuro" ao qual você se refere seja dá época de Paulo em diante. Ora, quando veio de Sião o libertador? No primeiro século certo? Então deste momento em diante eles já alcançariam misericórdia se fossem obedientes.

    Sobre Rm 11:27,28, você pode estar certo, ainda que eu acredite, como amilenista, que a Igreja é um Israel melhorado.
    Ainda tenho minhas dúvidas sobre esse trecho.

    Mas ainda, sobre a conversão em massa, é um engano inferir tal teoria desse texto. O verso 27 diz "E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.
    ". Quando isso aconteceu? Novamente, na obra de Cristo no primeiro século. Nada há no contexto sobre uma futura conversão em massa de judeus.

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  4. Sobre o tempo da aliança, você afirma que ocorre quando Cristo morre e ressucita. Do ponto de vista de Deus, ocorreu antes da criação do mundo. Do ponto de vista humano, não ocorre até que o homem se reconcilie com o seu Criador. Obviamente uma pessoa que ainda não creu, não pediu perdão pelos seus pecados, não se reconciliou com Deus, não pode estar em aliança com o Eterno. Até e verdade que Deus, vivendo fora do tempo, age em favor do pecador previdentemente, já tendo em vista o tempo em que este se reconciliará. Mas é certo que, do ponto de vista humano, nenhum pecado é retirado até que haja fé e arrependimento.

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  5. Prezado Mac

    Estranhei o fato de você questionar quem é "eles" no verso 28. Vamos lá: Há duas pessoas plurais aqui, "eles" e "vós". No contexto, vós se refere aos cristãos romanos (o que poderia ser ampliado para os cristãos gentios em geral). Eles (na bíblia que tenho em mãos está oculto) só pode referir-se aos israelitas, de quem é dito que são "inimigos por causa de voz", uma referência ao fato de que naquela época os judeus (as autoridades religiosas judaicas, na verdade) se opunham aos cristãos e incitavam os pagãos contra os crentes.

    Amanhã continuo.

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  6. Renato,

    Você disse: "Sobre o tempo da aliança, você afirma que ocorre quando Cristo morre e ressucita. Do ponto de vista de Deus, ocorreu antes da criação do mundo. Do ponto de vista humano, não ocorre até que o homem se reconcilie com o seu Criador. Obviamente uma pessoa que ainda não creu, não pediu perdão pelos seus pecados, não se reconciliou com Deus, não pode estar em aliança com o Eterno. Até e verdade que Deus, vivendo fora do tempo, age em favor do pecador previdentemente, já tendo em vista o tempo em que este se reconciliará. Mas é certo que, do ponto de vista humano, nenhum pecado é retirado até que haja fé e arrependimento."

    Concordo com as suas colocações. Minha intenção era apenas mostrar que a conversão dos judeus sempre esteve disponível.
    Particularmente, não excluo totalmente a possibilidade dos judeus, no futuro, converterem-se maciçamente. Só não creio que Rm 11 esteja apoiando isso.

    A questão do vs 28, eu disse que tenho "dúvidas", e não que eu não concorde com a sua interpretação do que significa o termo "eles", mas já estou pesquisando sobre isso. :)

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  7. Renato,

    Você disse: "A interpretação amilienista destrói a unidade do texto, que só tem sentido lido por inteiro."

    Não é o amilenismo que propõe essa interpretação, e sim alguns amilenistas.
    Só para você ter uma idéia, sobre o termo "todo Israel" de Rm 11:26, mesmo entre amilenistas há diferenças de opinião.

    1). Alguns argumentam que "todo Israel" refere-se ao número total dos eleitos (Calvino, Irons, Robertson).

    Ps: Calvino também é tido como pós-milenista.

    2). Alguns argumentam que a frase "todo Israel" refere-se a soma do remanescente crente (Robert Strimple, posição anterior de Robertson, Anthony Hoekema).

    3). Outros argumentam que a frase se refere à conversão dos judeus ao final da época (Beza, Vos, Venema, Riddlebarger).

    Em breve postarei uma visão diferente sobre essa questão pelo ponto de vista de David E. Holwerda. Acho que você ficará surpreso, hehe.

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  8. Mac

    Lendo o trecho inteiro (do capítulo 9 ao 11) vemos o apóstolo referenido-se ao povo israelita como "israelitas" e "Israel". Há exceções, como no verso do capítulo 9, em que "israelitas" significa crentes, ou judeus crentes. Ms o próprio texto mostra que exceções são essas.

    Também os pronomes "eles" e "vós" distinguem claramente dois grupos, nos três capítulos. Paulo usa eles para referir-se aos de sua nação, ele começa o capítulo 9 assim, e segue até o fim do capítulo 11 da mesma forma. Qualquer exceção que se queira apontar precisa ter sido indicada pelo próprio texto. E vós significa sempre os crentes a quem essa palavra foi escrita.

    A leitura natural, quando se chega ao capítulo 11, verso 25, é que Israel significa a nação israelita, e eles significando o povo israelita. Quem lê respeitando do texto não verá dificuldade lógica ou gramatical nenhuma no trecho de 25 a 32. Inclusive fica bastante evidente o significado do verso 28: "Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patricarcas; porque os dons e a vocação de Dejus são irrevogáveis."

    A eleição de que fala aqui é claramente uma eleição nacional. Daqueles que são chamados de inimigos, quanto ao evangelho, podemos dizer com certeza que são pessoas que rejeitam (ou apenas uma minoria aceita) o evangelho. Como podem ser eleitos? O próprio texto diz que é por causa dos patriarcas, e conclui explicando que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (apesar de ter existido motivo, a rejeição ao evangelho, para revogação). Donde o apóstolo tirou isso? Para quem leu de uma tacada só, da forma mais natural possível, é seqüência lógica do que foi dito nos versos 26 e 27, a Aliança a ser feita é renovação da aliança feita com os patriarcas. Para que essa aliança se cumpra, eles devem ser apartados dos seus pecados.

    Com pressupostos interpretativos simples e naturais, chega-se a um entendimento que respeita a gramática e a lógica.

    Ficarei feliz em ler outros autores amilenistas. Realmente eu tinha a impressão de que o amilenismo resumia-se sempre a um pensamente parecido com o de Robertson.

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  9. Renato,

    Você disse: "Ficarei feliz em ler outros autores amilenistas. Realmente eu tinha a impressão de que o amilenismo resumia-se sempre a um pensamente parecido com o de Robertson.

    Eu também achava isso, hehe.

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    1. Nos capitulos citados, ora Paulo faz uma contraposiçao entre judeus e gentios, ora faz uma contraposiçao entre crentes e incedulos.
      Quando ele diz que nem todo judeu é israelita, ele està chamando de "israelitas" somente os crentes (gentios e judeus) e de "nao israelitas" todos os incredulos, incluindo os judeus.
      Jà na passagem que ele fala da "plenitude dos gentios", ele està separando judeus e gentios em dois blocos distintos (independentemente da fé).
      Portanto, hà que se ler com muito cuidado essas passagens, examinando de qual comparaçao ele està falando naquele exato momento.
      Paulo diz que os ramos naturais (judeus incredulos) foram quebrados para que os gentios (crentes) fossem enxertados, mas isso nao indica que todos os ramos naturais o foram.
      Quem è ramo natural e creu em Jesus (como os apostolos, por exemplo) nao foi quebrado (nessa comparaçao), mas permanece na oliveira.
      Nessa linha de raciocinio, a Biblia nos assegura que a volta de Cristo ocorrera quando a "plenitude dos gentios" tenha sido enxertada, o que nao impede que, concomitantemente, os ramos naturais (judeus), que se converterem a Cristo, permaneçam na propria oliveira.
      Quanto à predestinaçao, eu acredito que Deus predestinou para a salvaçao aqueles que haveriam de crer na Sua Palavra, conhecidos desde os tempos eternos, em virtude do atributo da onisciencia de Deus.
      Os tais foram pré-ordenou para a salvaçao, pois creriam ao ouvir o som do Evangelho.
      Ou seja, nao se trata de uma salvaçao pontual, mas de uma salvaçao geral, oferecida a todos e baseada na fé pessoal de cada ser humano.
      Claro que nao deixa de ser uma escolha, pois Deus poderia salvar os mais sabios, ou os mais inteligentes, ou somente os homens, ou somente as mulheres, ou somente uma etnia, etc.
      Mas Ele escolheu salvar os crentes, com justiça, pois tudo que Deus faz é reto e perfeitamente justo.

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