terça-feira, 21 de julho de 2009

Conclusão do capítulo 9 de Daniel e o arrebatamento secreto, Parte 4.

...continuação.

IMPORTANTE
: O texto a seguir é de autoria de David Martyn Lloyd Jones. Ele foi pastor da Capela de Westminster em Londres e mesmo depois de sua morte (1981) ele ainda é considerado um dos maiores pregadores da atualidade.


Segundo Tregelles, o ensino a respeito do arrebatamento preliminar dos santos, o qual primeiro veio como um enunciado profético, foi aceito por determinadas pessoas presentes na conferência de 1830, inclusive J. N. Darby. Mas não foi aceita por B. W. Newton, nem por Robert Chapman nem por George Müller. Muitas pessoas não estão cientes de que ele não foi aceito em geral, mesmo entre esse círculo, e que houve divisão. Somente J. N. Darby e alguns de seus seguidores o aceitaram, ainda que se dissociaram totalmente de Edward Irving quando começou a falar sobre línguas, visões, apóstolos, e assim por diante. Não obstante, o ensino sobre o arrebatamento persistiu e ainda persiste.

Eis, portanto, o ensino acerca desse arrebatamento preliminar, e os amigos que crêem nisso alegam que há determinados textos bíblicos que o comprovam.

E assim passamos a considerar 2ª Tessalonicenses 2:8:
“E então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá com a manifestação de sua vinda” ou, “a epifania de sua parousia” ou, “a manifestação de sua vinda”.
Há, eles reivindicam, uma diferença entre Sua “vinda” e “a manifestação da Sua vinda”. Isso, porém, certamente é contestado pelos versículos 9 e 10 do capítulo 1, onde a condenação do pecador e a glorificação dos santos ocorrem juntas. Alem do mais, 1ª Tessalonicenses 2:1 identifica a parousia com a vinda do Senhor.
Em 1ª Tessalonicenses 4:15-17 também fala da vinda do Senhor – a parousia – e nesse ponto o argumento dos que crêem no arrebatamento preliminar é que os incrédulos e ímpios não são de forma alguma mencionados aqui, pos isso estes versículos não se aplicam a eles. No entanto, afirmar tal coisa é ignorar o problema imediato com o qual Paulo estava lidando. Os crentes tessalonicenses estavam preocupados com os cristãos que tinham morrido (vv. 13,14), e Paulo lhes assegura que tais pessoas também ressuscitarão naquele dia. Ele não se preocupa com os incrédulos aqui. O mesmo tema persiste no capítulo 5 (no v. 2, “o dia do Senhor” é claramente o mesmo dia). Os crentes devem preparar-se para aquele dia (5:4), mas como poderiam estar preparados se já haviam sido arrebatados sete anos antes?

Com respeito a Mateus 24:40,41, que diz:
“Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro; estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada outra”.
Todo o cenário consiste no juízo, e o contexto é comparável ao dilúvio. Portanto, esse versículo significa que, no juízo final, haverá separação.
Em seguida chegamos a Atos 1:11:
“Esse Jesus, que dentre vós foi levado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes subir”.
Aqui o argumento dos que crêem no arrebatamento é que a ascensão de Cristo não foi vista pelo mundo, e portanto a segunda vinda de Cristo também não será vista por ele. Contudo, quando os anjos dizem, “assim como”, estão claramente se referindo ao modo de Sua vinda, a qual será física e visível.
Em 1ª Coríntios 15:23 se diz:
“Cada um, porem, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda (parousia)”. E o versículo 24 prossegue: “Então virá o fim...”.
Portanto, eis a ordem: primeiro Cristo; então, os cristãos; finalmente, o fim. Essa é, nos dizem, uma indicação de que os sete anos e o milênio permanecem entre a vinda de Cristo “para” e Sua vinda “com” os santos. Mas, indubitavelmente, a seqüência aqui é normal. Além do mais, a palavra “vir” não se acha no original.
Então lemos no versículo 52 que “a trombeta soará”; e no versículo 26, que “o último inimigo a ser destruído é a morte”. Em 1ª Tessalonicenses 4:16 nos é dito que o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”. Não existe nada de secreto aqui.

Finalmente, em João 5:28,29, nosso Senhor diz:
“Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiveram feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.
Enquanto que em João 6:39,40, Ele se refere a “o último dia”.
Portanto, a clara impressão das Escrituras é que só existe uma única vinda, não duas; nem existem dois estágios. Há também só uma ressurreição, como veremos mais adiante. Não existe, pois, arrebatamento “secreto” ou “preliminar”, e nenhuma vinda de nosso Senhor a qualquer momento. Certas coisas devem ocorrer primeiro, como já vimos.

Um pouco antes de sua morte, perguntaram a George Müller se devemos esperar o regresso de nosso Senhor a qualquer momento ou se determinados eventos terão de se cumprir antes. Eis aqui sua resposta:
“Eu sei que sobre esse tema há grande diversidade de critério, e não desejo impor a outras pessoas a luz que eu tenho em mim. O tema, contudo, não me é novo; pois tendo sido cuidadoso e diligente estudante da Bíblia por quase cinqüenta anos, minha mente há muito foi firmada neste ponto e não tenho qualquer sombra de duvida sobre ele. As Escrituras declaram claramente que o Senhor Jesus não virá até que a apostasia haja acontecido, o “homem do pecado, o filho da perdição”, tenha sido revelado como se vê em 2ª Tessalonicenses 2:1-5. Muitas outras porções da Palavra de Deus também ensinam claramente que certos eventos terão de se cumprir antes do regresso de nosso Senhor Jesus Cristo. Entretanto, não altera o fato de que a vinda de Cristo, e não a morte, é a grande esperança da Igreja e, num reto estado do coração, nós (como os crentes tessalonicenses fizeram) “serviremos o Deus vivo e verdadeiro e aguardaremos do céu a seu Filho.” [1]
Terminemos, então, com esta nota: consideremos tudo isso, não dominados por um espírito excitado e carnal, mas sobre nossos joelhos, por assim dizer, orando pela direção e unção, bem como pela iluminação do Espírito Santo. Verifiquemos que estamos interessados porque aguardamos o Seu aparecimento, porque essa é nossa bendita esperança para a qual olhamos anelantes, e por causa disso nos purificamos agora e procuramos viver como filhos da luz, e obviamente de forma diferente dos filhos da noite e das trevas.

Chegamos ao final da série de estudos sobre o texto de Daniel 9:24-27 pelo ponto de vista amilenista, por David Martyn Lloyd Jones.


[1]
Citado por Frank H. White em The Saints Rest and Rapture.

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